ATA DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 25.04.1994.
Aos vinte e cinco dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Oitava Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Motta, João Dib, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Letícia Arruda e João Bosco. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas das Vigésima Sexta e Vigésima Sétima Sessões Ordinárias, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Letícia Arruda, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Mário Fraga, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Nereu D’Ávila, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 19/94 (Processo nº 638/94) e 01 Emenda ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 41/93 (Processo nº 2793/93); pelo Vereador Pedro Américo Leal, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Informativo da Câmara Municipal de São Paulo; Telegramas do Deputado Caio Riela, da Assembléia Legislativa do Estado, do Secretário Municipal Gerson Almeida, da família de Carlos Pestana. Após, o Senhor Presidente registrou as presenças, na Casa, das Senhoras Mara Regina Cardoso e Maria Helena Machado, representantes do Clube de Mães Margarida Alves, concedendo a palavra a Suas Senhorias, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular, que discorreram sobre o atendimento à população oferecido pelas escolas mantidas pelos Clubes de Mães, ressaltando a preocupação que hoje possuem os pais na procura de vagas para seus filhos. Nesse sentido, solicitaram o apoio da Casa para a construção de três salas de aula no Bairro Anchieta, atentando para os benefícios que essa obra representará à comunidade da Vila Santíssima Trindade. A seguir, foi apregoado Ofício do Senhor Eduino Jaskilski, Supervisor do Gabinete do Vereador João Dib, informando que este Vereador encontra-se participando do Encontro da Frente Nacional de Prefeitos, em realização na Capital, como representante do Prefeito Paulo Maluf, de São Paulo. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 19/94; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nºs 07 e 08/94, o Projeto de Lei do Executivo nº 18/94, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 27, 28 e 45/94; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 25/94 e os Projetos de Resolução nºs 06 e 09/94. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Lauro Hagemann comentou a manutenção, pela Casa, do Veto Parcial aposto ao Processo nº 1936/90, referente ao uso do solo urbano, salientando ter o Prefeito Municipal, na oportunidade, instituído comissão para, no prazo de trinta dias, elaborar anteprojeto de regulamentação do Fundo Municipal de Desenvolvimento, anteprojeto este ainda não elaborado. Também, lembrou projetos aprovados na Casa, relativos ao Imposto Predial e Territorial Urbano, falando sobre debates que vem sendo mantidos no País na busca de uma regularização fundiária e analisando Projeto e Substitutivo a respeito em tramitação no Congresso Nacional. O Vereador Jocelin Azambuja reportou-se à nota divulgada pelo PT acerca da atuação de Sua Excelência no caso da Escola Infantil Nova Gleba, lamentando que esse Partido não aceite as críticas que lhe são feitas. Ainda, disse terem sido observados equívocos e falta de democracia na construção da referida Escola, tendo ficado a comunidade à margem das decisões relativas a essa obra. Finalizando, lamentou que, na nota divulgada pelo PT, verifique-se uma personalização das críticas à sua pessoa. A Vereadora Helena Bonumá discorreu sobre o pronunciamento do Vereador Jocelin Azambuja, dizendo que a nota divulgada pelo PT, relativa à construção da Escola Infantil Nova Gleba, é uma busca de resposta às críticas que vem sendo feitas na Casa pelo Vereador Jocelin Azambuja. Nesse sentido, destacou verificarem-se entre as várias comunidades da região abrangida pela Escola Infantil Nova Gleba conflitos de relacionamento, conflitos estes nos quais o Executivo Municipal não pode embasar suas decisões. A Vereadora Maria do Rosário teceu comentários sobre o problema da prostituição infanto-juvenil em nossa Cidade, buscando situar esse problema no panorama da crise econômica atravessada pelo País. Disse haver uma cultura adultocentrista e machista na sociedade atual, com o homem adulto tratando a mulher e a criança como objetos de sua propriedade. Propugnou por medidas concretas para punição dos exploradores de menores e por maiores campanhas para uma real alteração do quadro hoje apresentado por essa questão. O Vereador Isaac Ainhorn prestou contas sobre sua participação, como representante desta Casa, nas homenagens ao aniversário da Assembléia Legislativa e ao centenário do nascimento de Oswaldo Aranha e em visitas feitas para tratar da questão da segurança pública em Porto Alegre. Disse ser a segurança assunto de competência do Governo Estadual, mas não poder a Comissão de Constituição e Justiça abster-se de participar da busca de soluções que melhorem o quadro crítico hoje observado na área. Destacou ter a Companhia Carris Porto-Alegrense desativado a Linha T2 no referente ao atendimento da comunidade do Alto Partenon, alegando falta de segurança, decisão essa posteriormente revogada face à intercessão de Parlamentares da Casa. Após, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador Eliseu Santos, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Jocelin Azambuja reportou-se ao pronunciamento da Vereadora Helena Bonumá, sobre nota divulgada pelo PT quanto à construção da Escola Infantil Nova Gleba, dizendo estranhar a atitude do Secretário e Subsecretário Municipal da Educação no encaminhamento desse assunto. Ainda, atentou para o estado precário em que se encontra o prédio da Escola Arami Silva, dizendo ter visitado a mesma, como integrante da Comissão de Educação e Cultura da Casa, e solicitando medidas urgentes da Administração Municipal, antes que ocorra algum acidente que coloque em risco a vida das crianças que lá estudam. Em GRANDE EXPEDIENTE o Vereador Milton Zuanazzi falou sobre as transferências de moradores de áreas de risco para lugares como o Morro do Osso, chamando a atenção dos Senhores Vereadores para a importância da questão, face às conseqüências ecológicas e sociais dela resultantes. Ainda, reportou-se à matéria do Jornal Zero Hora, da última sexta-feira, em que é destacada a possibilidade do envolvimento do Governador Leonel Brizola no jogo do bicho no Rio de Janeiro, analisando a divulgação desse jogo no País, questionando o uso feito pelo Jornal Zero Hora do poder de comunicação que hoje possui e comentando a atuação do Ministério Público no processo de construção da democracia no Brasil. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Vereador Luiz Braz lamentou declarações à imprensa feitas pelo Vereador Fernando Zachia, em que é criticada a não-adoção, pela Casa, do Projeto “Meninos da Febem” e é classificada como eleitoreira a possibilidade de contratação de estagiários para atuação em alguns setores deste Legislativo. Prestou esclarecimentos acerca do assunto, solicitando ao Vereador Fernando Zachia que divulgasse o interesse da Casa pelo Projeto “Meninos da Febem” e os reais motivos pelos quais o mesmo não foi adotado, a fim de que não fique distorcida a imagem desta Câmara Municipal junto à população porto-alegrense. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Zachia disse ter embasado em dados recebidos de funcionários e vereadores da Casa declarações que fez à imprensa, acerca da não-adoção, por este Legislativo, do Projeto “Meninos da Febem” e da possibilidade de contratação de estagiários para atuação em alguns setores onde é observada uma sobrecarga de serviços. Ainda, defendeu o projeto de sua autoria, relativo aos menores da Febem, destacando não ter, em momento algum da referida entrevista, intenção de atacar a imagem que possui esta Câmara Municipal junto à nossa comunidade. Após, o Senhor Presidente informou que, conforme a legislação vigente, no relacionado a estagiários, esta Casa possui rubrica apenas para estágios curriculares, situação na qual não se enquadra o Projeto “Meninos da Febem”, do Vereador Fernando Zachia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt reportou-se à situação em que se encontra o Projeto do Aeromóvel, falando de seu início e questionando a falta de apoio ao mesmo de parte do Governo Federal. Discorreu sobre estudos da Administração Municipal, no sentido de estender a linha do aeromóvel em direção à Azenha, lembrando restrições do Engenheiro Oscar Coester a essa proposta e atentando para a possibilidade de que ocorra apenas uma subutilização desse sistema de transporte coletivo. O Vereador Pedro Ruas comentou entrevista ao Jornal Correio do Povo concedida pelo Deputado Eden Pedroso, no último domingo, repudiando declarações deste político, de que “parece que o PDT está com AIDS, ninguém quer se aproximar dele”. Disse que as críticas políticas fazem parte do debate democrático, mas que afirmações como a referida estimulam o preconceito contra os aidéticos que já enfrentam, juntamente com sua doença, o medo resultante da ignorância de grande parte da sociedade atual. O Vereador Henrique Fontana ratificou o pronunciamento do Vereador Pedro Ruas, de crítica a declarações feitas pelo Deputado Éden Pedroso, à imprensa, em que esse Deputado compara a situação do PDT com a de um aidético, ressaltando, porém, que tal equívoco não deve receber uma importância maior do que a que realmente possui. Ainda, indagou sobre quem possui a verdadeira representatividade do PDT, tendo em vista as posições divergentes hoje observadas neste Partido. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/93, com ressalva das Emendas a ele apostas, por vinte e dois Votos SIM contra um Voto NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Geraldo de Matos Filho, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Letícia Arruda, Henrique Fontana e Décio Schauren, tendo votado Não o Vereador Luiz Braz e tendo sido, este Projeto, submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Luiz Braz. A seguir, aprovadas as Emendas nºs 01, 02, 03 e 04 apostas ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/93. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 06/94. Ainda, foram aprovados Requerimentos dos Vereadores João Verle e Nereu D’Ávila, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 06/94 e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/94, respectivamente, sejam dispensados da votação de suas Redações Finais. Após, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Isaac Ainhorn, de Voto de Congratulações com Paulina Laks Eizirik, pela Exposição Retrospectiva no Museu de Arte do Rio Grande do Sul; do Vereador Divo do Canto, de Moção de Repúdio ao Ministro da Previdência Social, Doutor Sérgio Cutolo, contra o péssimo serviço prestado aos segurados da previdência social nos postos de benefícios do INAMPS, na Capital e no interior do Estado do Rio Grande do Sul; do Vereador Jocelin Azambuja, de Votos de Congratulações com a Associação dos Funcionários aposentados do Banrisul, pela passagem de seu aniversário, com o Doutor Luiz Gonzaga Moura, por sua posse como Juiz-Corregedor; do Vereador Pedro Ruas, de Voto de Congratulações com a Associação Riograndense de Imprensa, pela passagem do “Dia do Jornalista”, com o Senhor Mário Alexandretti, por sua eleição para Tesoureiro da Associação Cristóvão Colombo, com a Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Rio Grande do Sul, pelo lançamento da campanha contra a exploração do trabalho infantil, com o Sindicato dos Jornalista Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul, pela passagem do “Dia do Jornalista”, com o Senhor Luiz Carlos Garzola, por sua eleição para Presidente da Associação Cristóvão Colombo. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Antonio Hohlfeldt retomou o tema do aeromóvel, lembrando os preconceitos que existem no âmbito federal contra a tecnologia nacional, registrando, também, as pressões de grupos e interesses internacionais. Historiou sobre os empreendimentos e tentativas de financiamento do projeto do aeromóvel, informando que virá a nossa Cidade uma missão árabe que estuda a aquisição da patente desse invento. O Vereador José Gomes denunciou incidentes de espionagem de que foi vítima por parte da Brigada Militar, dizendo que isso constitui intromissão inaceitável em sua vida privada. Lamentou esse tipo de prática em nosso País e Estado, declarando que, também por esse motivo, há carência de segurança pública em nosso Estado. O Vereador Isaac Ainhorn criticou a má utilização da gráfica do Departamento Municipal de Água e Esgotos, denunciando que, em contrapartida, a Escola Municipal Afonso Guerreiro Lima nega boletins de desempenho para seus alunos por não dispor de papel, propugnando por respostas e esclarecimentos por parte do Executivo Municipal. O Vereador Eloi Guimarães, citando o jurista e político Rui Barbosa, referiu-se à cena política que se compõe para o pleito presidencial, dizendo que a cruzada política que se aproxima deve respeitar parâmetros éticos que superem as querelas e agressões para afirmar o embate de idéias. Às dezessete horas e quatro minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Jocelin Azambuja, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Wilton Araújo, 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz):
Passamos à
Hoje será ocupada pelo Clube de Mães Margarida Alves. O assunto: coleta
para construção de três salas de aula a serem construídas no Bairro Anchieta,
que beneficiará a comunidade da Vila Santíssima Trindade. O Requerimento foi
assinado por Ana Lúcia da Costa Maciel.
Falarão as Sras. Mara Regina Cardoso e Maria Helena Machado. Elas vão
repartir o tempo de dez minutos.
A Sra. Mara Regina Cardoso está com a palavra.
A SRA. MARA REGINA CARDOSO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, boa tarde. Estamos aqui representando o Clube de Mães Margarida
Alves, da Comunidade da Santíssima Trindade, mais conhecida por Vila Dique.
Essa comunidade caracteriza-se por ser bastante batalhadora, bastante lutadora
por seus direitos e também por melhores condições de vida. Uma das bandeiras de
luta dessa comunidade é a escola. O Clube de Mães administra uma escolinha comunitária
há quase quatro anos, atendendo, neste ano, uma turma de 2ª e uma de 3ª série.
É uma escola que atende os alunos de maneira informal, pois não tem autorização
de funcionamento, para não deixarmos as crianças sem escola. Atendemos crianças
de sete a quatorze anos, nas duas turmas, mas ainda temos em torno de cento e
cinqüenta crianças fora de sala de aula. Precisamos oferecer estudo a essas
crianças. Para manter essa escola o Clube de Mães conta com a ajuda da
comunidade, com a ajuda de entidades da sociedade.
No ano passado, o Sr. Prefeito visitou a comunidade e acenou com a
possibilidade de implantação de uma escola municipal. A Secretaria Municipal de
Educação já está em vias de implantação da escola, mas, enquanto isso não
ocorre, precisamos continuar atendendo a essas crianças. Nesse sentido, viemos
pedir a colaboração dos Srs. Vereadores. Acho que a Presidente do Conselho da
Comunidade poderia complementar sobre as nossas dificuldades e a luta da
comunidade para manter essa escola.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Sra. Maria Helena Machado
está com a palavra.
A SRA. MARIA HELENA MACHADO: Boa tarde a todos. A
complementação que eu teria é de dizer quais são as dificuldades que nós
estamos encontrando. A comunidade é formada por pessoas do interior de Iraí, de
Erechim. Por isso, demos o nome de Escola Migrante, porque todos migram de um
lugar para outro. Nós saímos da roça, pensando em conseguir uma vida melhor
porque o que nós tínhamos lá nós não queremos que os nossos filhos tenham aqui.
Eu não pude estudar, complementar meus estudos, e hoje estou batalhando por uma
escola junto com a comunidade, junto com as outras pessoas, para que possamos
dar estudo aos nossos filhos.
Nós começamos a pensar em ter essa escola através do Clube de Mães,
onde recebíamos ajuda da comunidade do Cristo Redentor nos finais de ano.
Então, nós começamos a passar em todas as casas da Vila para saber quantas
crianças havia fora da escola em idade escolar. Uma pergunta que nós nos
fazíamos era por que aquela criança não estava indo a aula. Aí, os pais
respondiam que não havia vaga, que a escola era muito longe. Os pais não gostam
que meninas, principalmente, saiam sozinhas pelas ruas.
Então, começamos a pensar em construir uma escola na nossa vila, mas, antes
disso, nós já tínhamos conseguido um posto de saúde, uma creche, o galpão de
reciclagem de lixo. Isso tudo que temos hoje foi uma luta, uma conquista dos
moradores, que têm vontade de ter uma vida melhor naquela vila que muitas
pessoas não valorizam por ser uma vila. Quando se fala em vila, acham que lá só
existem pessoas que não prestam, pessoas ruins, mas nós podemos dizer que são
bons moradores e bons trabalhadores.
Então, nós começamos a fazer festas e, com o lucro, conseguimos
construir uma sala de aula a mais; a outra turma estudava na igreja. Durante a
semana havia aula na igreja; no final de semana se rezava a missa. Ali serve
para fazer baile; só virava o Santo, e não tinha problema nenhum. Fazíamos
rifas, pedíamos ajuda para outras comunidades. A comunidade do Cristo Redentor
nos ajudou muito. Nós temos professores muito legais, pessoas que conhecem a
realidade de nossa vila e que estão dispostas a lutar junto.
É isso o que eu teria para dizer. O nosso tempo está encerrando e
gostaria de dizer que, nos próximos dias, passaremos nos gabinetes dos Sr.
Vereadores para termos uma conversa mais clara, mais objetiva a respeito do que
nós necessitamos no momento. Era isso. Agradecemos a oportunidade que nos foi
dada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Agradeço a vinda das
senhoras até a nossa Câmara Municipal e colocamo-nos à disposição para que esta
luta possa ser vitoriosa.
Eu tenho em mãos uma justificativa: (Lê.)
“Pela presente comunico a V. Exa. que o Ver. João Dib, Líder da Bancada do PPR, encontra-se participando do Encontro Nacional de Prefeitos, em realização nesta Capital. O Ver. João Dib está credenciado para o referido encontro como representante do Prefeito Paulo Maluf, participando de debates sobre o transporte coletivo nas cidades brasileiras.”
É um comunicado assinado pelo Supervisor de Gabinete, Sr. Eduino
Jaskilski.
Passamos à
1ª SESSÃO
PROC. 0834/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
19/94, que
cria Cargos na Administração Centralizada.
2ª SESSÃO
PROC. 0684/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 08/94, de autoria do Ver. Geraldo de Mattos Filho, que institui o Sistema
Municipal de Desporto e dá outras providências.
PROC. 0811/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
18/94, que
cria a função regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, pertencente ao
Quadro Celetista em Extinção na Administração Centralizada, e dá outras
providências.
PROC. 0682/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 07/94, do Ver. Eliseu Santos, que acrescenta parágrafo ao artigo 35 da Lei
Complementar nº 12, de 07 de janeiro de 1975, com alterações da Lei
Complementar nº 108/84, de 28 de setembro de 1984 (Código de Posturas).
PROC. 0736/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
27/94, do
Vereador Mário Fraga, que acrescenta parágrafos 1º e 2º ao artigo 3º da Lei de
nº 6997, de 09 de janeiro de 1992.
PROC. 0853/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
45/94, da
Vereadora Maria do Rosário, que concede anistia a funcionários da Fundação de
Educação Social e Comunitária - FESC, que tenham incorrido em falta ao serviço
nos dias 28 de março e 06 de abril de 1994. (Urgência)
PROC. 0741/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
28/94, do
Vereador Jocelin Azambuja, que denomina Rua Padre Cornélio um logradouro
público, localizado no Bairro São José.
3ª SESSÃO
PROC. 0717/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
25/94, do
Vereador Mário Fraga, que altera a Lei nº 6855, de 09.07.91, que dispõe sobre a
política salarial dos servidores do município de Porto Alegre, estabelecendo a
conversão dos valores vinculados ao Padrão 1 em URV.
PROC. 0785/94 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 009/94, do Vereador Wilton Araújo,
que concede o prêmio literário “Érico Veríssimo” ao escritor Luis Fernando
Veríssimo.
PROC. 0726/94 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 06/94, de autoria do Vereador
Eliseu Santos, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor
David Moroz.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo Vereadores
inscritos para a Pauta, passamos ao
O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, todos nos lembramos ainda, porque está viva na memória, da célebre
Sessão em que se discutiu o Veto do Executivo ao Projeto do Solo Criado, aqui
nesta Casa, uma votação do Veto que se deu em duas Sessões, sendo que, na
última, o Veto foi mantido pela diferença de um voto. E todos se recordam, com
muita clareza, dos motivos que levaram a Casa a aceitar o Veto, embora por essa
pequena margem. Foi um documento do Sr. Prefeito Municipal instituindo uma
Comissão que deveria, no prazo de trinta dias, elaborar um anteprojeto a ser
trazido a esta Casa, de regulamentação do Fundo Municipal de Desenvolvimento,
que foi criado no Projeto do Solo Criado, incorporando o antigo Fundo de
Desenvolvimento Municipal Urbano, instituído pelo ex-Prefeito Alceu Collares.
A proposta do Sr. Prefeito foi muito discutida e alguns Vereadores até
a puseram em dúvida; puseram em dúvida a palavra do Prefeito. Nós nos
submetemos ao veredicto do Plenário, porque propugnávamos pela rejeição do
Veto. Já são passados mais de trinta dias e nenhuma reunião da tal Comissão foi
realizada, e hoje estamos aqui para cobrar essa promessa escrita do Sr.
Prefeito Municipal, porque o Fundo de Desenvolvimento, que faz parte do Projeto
do Solo Criado, é fundamental para a implantação do Projeto em nível de Porto
Alegre. É como se fora a espinha dorsal do Projeto do Solo Criado. Sem o Fundo
Municipal de Desenvolvimento, e justamente na parte vetada, que foi a
reinvenção dos recursos auferidos pela venda de índices no processo de
regularização fundiária da Cidade, sem isso, o Projeto fica sem serventia, se
torna inócuo.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Lauro Hagemann, nosso “Embaixador” teve problemas
e chegou atrasado, mas ele trazia exatamente uma mensagem sobre este assunto e,
portanto, eu estou aqui passando a público, através do microfone, que o Sr.
Prefeito tem discutido a questão e pede apenas mais uma semana de prazo para
que se institua a Comissão e seja feita a primeira reunião. Mas V. Exa. tem
razão.
O SR. LAURO HAGEMANN: Eu agradeço o aparte de V.
Exa. e digo, claramente, que o motivo da minha presença na tribuna era para
alertar a memória do Executivo e dizer que a Casa está atenta à promessa que
foi feita aqui publicamente. Também
aproveito a oportunidade para dizer ao Sr. Prefeito que mande o mais depressa
possível a relação das áreas urbanas de ocupação prioritária onde deverá
incidir o IPTU progressivo. Foi instituído pela Lei da Função Social, que foi
aprovada por esta Casa no final do ano passado. Essas áreas deverão ser
publicadas em edital, depois de passadas por esta Casa, para que sobre elas
incida o IPTU progressivo, que é um dos instrumentos urbanísticos que esta Casa
aprovou para constituírem o elenco de novas medidas, de novos instrumentos, de
novos aportes à regularização fundiária do Município de Porto Alegre. Os
estoques construtivos devem ser trazidos imediatamente para esta Casa e o
Projeto do Executivo arrolando as áreas urbanas de ocupação prioritária, que
constam no Projeto da Função Social da Propriedade, aprovado por esta Casa.
Por outro lado, aproveito a ocasião para dizer que em nível nacional
desenvolve-se um trabalho de regularização fundiária ou, em outras palavras, de
mexida nos projetos urbanísticos do País através de uma lei que o Executivo
mandou para o Congresso Nacional e que já mereceu um Substitutivo do Dep. Mário
Miranda, do PT mato-grossense, e do nosso Deputado rio-grandense Roberto Ponte,
do PMDB. É preciso dizer-se que há cerca de dez dias foi realizado, em Belo
Horizonte, um grande fórum nacional de entidades, que discutiram essa Lei de
Desenvolvimento Urbano - LDU que está no Congresso Nacional. O Projeto
original, como já disse, mereceu um Substitutivo, e essas entidades se reuniram
em Belo Horizonte para discutir se ficavam com o Projeto original ou se
aceitavam um Substitutivo. Algumas questões foram debatidas e priorizou-se que
o Projeto original contém algumas partes interessantes e importantes, assim
como o Substitutivo, e que o Projeto deverá ser examinado com as emendas
necessárias. Se por um lado o Projeto
original favorecia a área social, por exemplo, continha avanços na parte
da regularização fundiária, com o direito real de uso e usucapião coletivo, que
são figuras novas no Direito Urbanístico Brasileiro. O usucapião coletivo é uma
particularidade interessante porque ele transfere para a coletividade de uma
vila, por exemplo, o direito de requerer o usucapião sobre aquele território através
da sua entidade de classe, da sua associação comunitária, e o direito real de
uso nós, aqui, conhecemos - foi instituído na Lei Orgânica e já regulamentado.
Por outro lado, ele atropela a autonomia municipal ao não introduzir o conceito
de solo criado. Ele complica e opõe a questão do direito de propriedade ao
direito de construir e transfere índices construtivos de proprietários privados
de uma região para outra das cidades. Nós entendemos que isso é um método que
não é bom para o desenvolvimento das cidades, pois retira das mãos do Poder
Público o direito de controlar a expansão da Cidade. Transfere, volta com mais
força, para a iniciativa particular, coisa que nós, em nosso Projeto do Solo
Criado, procuramos evitar. O solo criado do Município de Porto Alegre mantém
nas mãos do Executivo o controle da expansão da Cidade através da transferência
de índices, da superposição dentro das mesmas unidades territoriais, e não
esparramando. Isso seria mais fácil de exemplificar através de alguém que
tivesse um terreno na Cavalhada e vendesse índices lá no Sarandi. Seria uma
troca que não seria benéfica à unidade originária.
Então, Srs. Vereadores, essas questões do solo urbano, hoje, estão
ocupando a atenção não só das Câmaras Municipais, mas também do Congresso Nacional,
porque existem algumas questões que podem ser dirimidas, minimamente, em nível
federal. Claro que cada cidade tem seus componentes específicos. É preciso ser
examinado cada um. As condições locais influem decisivamente no processo de
divisão, de parcelamento urbano que cada Município terá que ter, mas existem
regras gerais que podem ser baixadas de cima para baixo, apenas especificadas
nos seus lugares de aplicação.
Srs. Vereadores, esse tema é interessantíssimo e merece a atenção dos
legisladores, e é por isso que esta Casa, felizmente, já teve a compreensão e
aprovou inúmeras leis, leis novas que se inserem no moderno conceito
urbanístico que visam ao aprimoramento dessa questão, principalmente em Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Letícia Arruda cede
seu tempo ao Ver. Jocelin Azambuja, que está com a palavra.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, tomei hoje o conhecimento de uma nota assinada pela Bancada do
Partido dos Trabalhadores através de seu Líder nesta Casa - Ver. João Verle -,
que me causou muita surpresa. Vejo que o Partido dos Trabalhadores não está
afeito a críticas; não sabe interpretar as críticas que são construtivas e não
sabe analisá-las porque possui um grave defeito: se considera muito perfeito em
tudo o que faz e não consegue admitir seus erros. O PT se escuta e se defende
justamente na maneira pouco inteligente e pouco política de se manifestar sobre
uma questão que, antes de mais nada, deveria ser respondida à comunidade e a
esta Casa.
Diz a nota do Partido dos Trabalhadores que considera “irresponsável a
atitude do Ver. Jocelin Azambuja na sua interpretação junto à comunidade
envolvida na questão da Escola João Satte e Nova Gleba, de Porto Alegre”. Ora,
é um termo que não posso considerar, no mínimo, inteligente, porque a Bancada
do Partido dos Trabalhadores deveria se preocupar, em primeiro lugar, em
levantar qual o custo da Escola Infantil Nova Gleba, construída no pátio da
Escola João Satte. Isso eu posso considerar realmente uma irresponsabilidade.
Quem trabalha na área da educação há muitos anos sabe que isso é totalmente
contraproducente e é uma prática abandonada há muito tempo. Lembro que estudei
no Colégio Estadual Inácio Montanha, onde existia um colégio dentro do outro;
havia a Escola Primária Inácio Montanha e o Colégio Estadual Inácio Montanha.
Pois o Partido dos Trabalhadores, na sua política de educação, voltou a fazer
uma coisa que já era considerada errada há trinta anos, pensando que é um grande
projeto pedagógico. A Secretaria de Educação está demostrando falta de
conhecimento e de competência, até porque a questão pedagógica a ser analisada
na Escola Infantil deve ser muito bem refletida.
A nota diz ainda que “não é verdadeiro o argumento do Vereador, de que
o processo é antidemocrático; é deplorável o argumento de que a construção da
escola infantil é um desperdício do dinheiro público”. Foi provado que não foi
democrático. Quem disse não foi o Ver. Jocelin Azambuja, Partido dos Trabalhadores
ou o Governo Municipal. Foram as comunidades, o Conselho Escolar da Escola, que
o Partido dos Trabalhadores defende tanto. Foi o próprio Conselho Escolar da
Escola Municipal João Satte que disse que o processo não foi democrático. Disse
também o Círculo de País e Mestres, também o Grêmio Estudantil. Foram as
instâncias democráticas da escola, na Comissão de Educação desta Casa, que
disseram isso. Lá estavam representados a Vera. Helena Bonumá e o Ver. Décio
Schauren, do Partido dos Trabalhadores.
Gostaria que o nobre Ver. João Verle prestasse bem atenção nessa
manifestação, pois S. Exa. assinou uma nota que não condiz com o grau de
inteligência e o respeito que eu tenho por S. Exa. A própria comunidade disse
que não foi consultada. Portanto, eu vim à tribuna dizer a verdade, como vieram
as Vereadoras Maria do Rosário e Letícia Arruda dizer a mesma coisa.
A nota diz que a construção da escola infantil foi discutida com a
comunidade. Ninguém disse o contrário. Foi discutida no Orçamento Participativo
com a comunidade; só não foi discutido com a comunidade da escola, a que
detinha a escola. Ninguém perguntou para a comunidade da escola se eles
aceitavam escola lá dentro, se eles aceitavam tirar um pedaço do pátio da
escola. Se a Secretária Municipal de Educação tivesse conhecimento da sua área
de educação, saberia que um dos piores crimes que se fez é tirar das escolas os
espaços de lazer, como lá foram tirados. V. Exa. sabe que, quanto mais pátio,
melhor para o desenvolvimento da criança; quanto mais possibilidade de
interação com a escola, melhor o desenvolvimento da criança. Em Vacaria, por
exemplo, as escolas não têm mais pátios porque foram construídos dentro dos
pátios das escolas um prédio, outro, outro, mais outro, e acabaram as crianças
não tendo mais oportunidades de lazer. A maior parte das escolas de Vacaria não
tem mais pátio, assim como em Porto Alegre e em tantas outras regiões. O mais
lamentável ainda é que o Partido dos Trabalhadores, com tanta falta de
inteligência e habilidade para tratar a questão, faz uma nota contra a minha
pessoa, como Vereador desta Casa, quando o assunto foi tratado pela Comissão de
Educação, não só pelo Ver. Jocelin Azambuja. A nota deveria ser extensiva à
Vera. Letícia Arruda, que denunciou a questão aqui, à Vera. Maria do Rosário,
ao Ver. Geraldo de Matos Filho, e não ao Ver. Jocelin Azambuja. Tentaram
personalizar uma questão que foi interpretação da Comissão de Educação. Então,
o Ver. Guilherme Barbosa, que tanto se preocupa com a educação, deveria se
preocupar com os fundamentos da educação. Veja V. Exa. que aqui diz: “O Ver.
Jocelin Azambuja utiliza argumentos deploráveis e inverídicos”. Ora, estão
dizendo que eu levantei argumentos inverídicos? Quem levantou não fui eu, Srs.
Vereadores. Quem levantou foram as comunidades que aqui estiveram, que
prestavam informações na Comissão de Educação. O Ver. Jocelin Azambuja apenas
disse aquilo que é verdadeiro. Agora: os senhores terão que conviver com a
questão de que criaram uma obra desnecessária, que foi um erro da Administração.
Vão ter que conviver. No final da nota, uma coisa lamentável! Diz assim: “Em
ano eleitoral, o Ver. Jocelin Azambuja utiliza argumentos deploráveis e
inverídicos”. Eu não sou candidato a nada, Vereadores. Eu não concorro a
Deputado Estadual e nem Federal. Quem concorre é a maior parte da bancada dos
Vereadores do Partido dos Trabalhadores. Eu não concorro a nada; não tenho
interesse eleitoral.
Sei que sou malvisto por vários governos que não atuam defendendo a
educação porque tenho tido uma prática permanente de defesa da educação e não
vou parar com essa minha postura. Se amanhã o meu partido estiver no poder, eu
vou cobrar com a mesma veemência. Isso os senhores podem guardar nas notas
taquigráficas porque me parece, realmente, que a educação merece ser tratada
com responsabilidade, e não com atitudes levianas.
No final, ainda, faz uma acusação a uma estrutura da comunidade,
demonstrando também a falta de responsabilidade democrática com a sociedade.
Não tendo nada a ver com a questão que estava sendo tratada, o Partido dos
Trabalhadores diz: “A implantação dos Conselhos Escolares nas escolas
municipais significa também um avanço e uma superação da limitada atuação dos
CPMs”. O que tem a ver uma coisa com outra? O Partido dos Trabalhadores mistura
as coisas porque, justamente, a proposta dos Conselhos Escolares é uma proposta
petista - todo mundo sabe -, mal-elaborada, malfundamentada, e que trouxe
problemas, e está trazendo, em todo o Rio Grande do Sul, mas é uma proposta
ideológica, de imposição nas escolas. Mas aqui o assunto não tem nada a ver,
porque quem trouxe o assunto para cá foram, justamente, o Conselho Escolar e o
CPM da Escola João Satte.
Eu não estou entendendo aonde o Partido dos Trabalhadores quer chegar.
Eu vejo que a nota, realmente, é a fuga de uma responsabilidade que o Partido
dos Trabalhadores não quer assumir: construiu uma escola desnecessária e não
aumentou o número de vagas na escola. Eu volto a afirmar que a escola, em 1992,
tinha duzentas vagas e, em 1993, tinha cento e cinqüenta vagas, e o Partido dos
Trabalhadores não quer admitir que fez uma coisa malfeita: colocou dinheiro
fora, fez uma obra malfeita. Existem falhas na sua Secretaria de Educação, e
elas estão demonstradas.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em nome da Bancada do PDT, queremos nos solidarizar
com V. Exa. pelo pronunciamento que faz. Nesse sentido, a nossa bancada atuou
junto a esse problema e vê que foi um erro da Administração e da sua bancada,
em conseqüência.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Eu recebo, de uma maneira
muito positiva, a manifestação do Partido Democrático Trabalhista e agradeço
também a gentileza da Vera. Letícia Arruda, que permitiu que eu me manifestasse
no seu tempo para poder responder a essa nota que, no mínimo, é uma atitude
muito lamentável do Partido dos Trabalhadores. Eles deveriam pensar mais antes
de elaborar notas e sair largando por aí. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Negrinho cede o
seu tempo para a Vera. Helena Bonumá.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu agradeço, em primeiro lugar, o tempo cedido pelo Ver. Luiz
Negrinho para que a gente possa fazer o debate necessário com o Ver. Jocelin
Azambuja.
O Ver. Jocelin Azambuja queixa-se de uma nota enviada pelo PT, na
sexta-feira, à imprensa, onde, Ver. Jocelin, nós respondemos ao seu
pronunciamento. O Vereador perguntava, há pouco, por que, na nota, nós fizemos
menção ao seu nome e não à Vera. Letícia Arruda, à Vera. Maria do Rosário, ao
Ver. Geraldo de Matos Filho e aos demais Vereadores da Comissão de Educação. Na
realidade, é porque quem, mais de uma vez, ocupou esta tribuna para tratar a
questão, que nós criticamos no documento, foi o Ver. Jocelin Azambuja. Nós
achamos que, se o Vereador tivesse ocupado o seu tempo de pronunciamento, mesmo
com sua vontade de tratar a questão, buscando, concretamente, juntar-se na
busca de uma solução, talvez já tivéssemos avançado mais nesta busca. A nota
partiu da necessidade de dar uma resposta à crítica vazia que o Vereador tem
feito aqui.
Fiz um pronunciamento por ocasião de um de seus pronunciamentos em que
V. Exa. não estava aqui, mas, na realidade, eu dizia que, quando começamos a
desenvolver um processo democrático, como estamos fazendo em Porto Alegre desde
o Governo Olívio Dutra, que é de participação da comunidade em um nível até
então inexistente na história da Cidade... Evidentemente que a democracia,
todos nós sabemos, é um longo aprendizado, e surgirão, daqui para frente, se
pretendemos aprofundar esse processo democrático na Cidade e em outras esferas,
como o País e o Estado, surgirão contradições entre a comunidade. E o papel do
Executivo e do Legislativo é sabermos trabalhar acima de prováveis interesses
de um lado ou de outro, buscando uma solução que seja do interesse da
comunidade, e não de parte da comunidade.
Sabemos, por relatos de membros das comunidades que se questionavam na
busca de uma solução, que existem problemas de relação entre elas, o que já é
histórico. Portanto, nós, do Executivo e Legislativo, temos que buscar uma
solução que esteja acima desses conflitos, e nosso papel é de mediação, e não
de aproveitar o conflito ou acirrá-lo, em vez de buscar uma solução. Essa
sucessão de denúncias que não vêm apontar concretamente uma solução, mas que se
aproveitam de uma ocasião para aparecer na imprensa, isso não contribui para a
busca efetiva de uma solução.
Em relação ao caso, distribuirei a V. Exas. um mapinha que a SMED fez
dando uma explicação, pois para muitos Vereadores pode não parecer clara essa
questão. Essa escola infantil municipal foi construída a partir de uma demanda
do Orçamento Participativo de 90, no pátio da Escola João Satte. Concordo
plenamente com o Ver. Jocelin Azambuja que o ideal seria que não precisássemos
usar pátio, mas sabemos qual é a nossa realidade e de muitas crianças de
escola. Então, eu acho que, no nosso País, no dia em que fôssemos dar escola
para todos que precisam, teríamos que usar muitos pátios. Talvez a gente nem
imagine o número de salas de aula necessárias para que todos tenham acesso à
sala de aula. Essa medida não é a ideal, mas foi a encontrada, na ocasião, para
solucionar o problema. Essa escola foi construída com cinco salas de aula,
anexando duas salas da Escola João Satte. Nós temos aqui um xerox da planilha
das matrículas do pré-escolar, fornecida pela Escola João Satte, referente ao
ano passado. Então, temos o número de crianças matriculadas em cada uma das
turmas - três turmas A e três turmas B -, que funcionam em meio turno, diferente
de agora, que funcionam em turno integral. Esse dado é manipulado, pois, nas
declarações, ele não aparece como um dado real. Na verdade, aumentou o número
de vagas e o tempo de escola, e isso é camuflado nas declarações do Ver.
Jocelin. Pode ser que o Vereador não tenha esses dados; por isso tenho o maior
prazer em lhe passar a planilha.
A Direção da Escola João Satte nos informou que existiam cento e trinta
e cinco crianças regularmente matriculadas no pré-escolar do ano passado. Agora
temos duzentas e uma crianças matriculadas. A mudança ocorreu porque agora,
segundo o plano da escola infantil, nós temos o turno integral. Além disso,
mantêm-se, na Escola João Satte, duas salas que antes eram usadas para a
pré-escola de nível B, destinadas a uma primeira série e a uma segunda série
novas, como um ampliação dos serviços desta Escola. É evidente que esse
processo foi tensionado. Nós conhecemos a histórica tensão que existe naquela
comunidade. Nós não achamos que construir uma escola no pátio da outra é a
solução ideal para os sonhos de democratização do ensino. Agora: acho, Ver.
Jocelin, que temos que ser mais sérios naquilo que pretendemos fazer a partir
desta tribuna. Não podemos pegar coisas que, do ponto de vista do compromisso
com a educação, são pequenas para se fazer tempestade num copo d’água.
O Governo Municipal tem dado demonstrações de compromisso com a
educação desde o primeiro governo da Administração Popular com o companheiro
Olívio Dutra. A implantação dos Conselhos, que o Vereador diz ser uma proposta
ideológica do PT, não é, Vereador. Isso é do movimento dos trabalhadores em
educação. Isso é uma longa demanda de categorias que têm lutado e acumulado
nesse sentido, e, se o PT tem algum mérito, foi o de ter proposto a
implementação. Foram os trabalhadores em educação, organizados, que forjaram
essa solução, e essa solução não veio no sentido de desrespeitar o acúmulo
anterior do Conselho de Pais e Mestres. Ela veio no sentido de superá-lo,
incorporando o que tem de bom nele. Acho que é totalmente leviano esse tipo de
informação numa discussão dessas a que nos propomos desenvolver.
O Sr. Jocelin Azambuja: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Eu lamento suas palavras, Vera. Helena Bonumá, pois
não há nada de leviano no que eu disse. Tem é de muito sério. Mesmo que seus
dados sejam verdadeiros, e não o são, e V. Exa. sabe disso, imaginem
construir-se uma nova escola dentro de outra para setenta vagas. Não seria um
absurdo? E V. Exa. sabe que na Escola Municipal João Satte há duas salas
paradas que poderiam ser utilizadas por cem crianças de pré-escolar, mas que o
seu partido e a sua Administração, por teimosia, por falta de respeito à
comunidade, não quer viabilizar. Só por isso, pois, se tivesse um pouco de bom
senso e de boa intenção para realmente atender àquela comunidade, estaria lá,
colocando as cem crianças estudando no pré-escolar. Então, veja, Sra.
Vereadora: mesmo que os seus dados fossem verdadeiros, e não são, a nova escola
foi construída só para atender, dentro dos seus números, para atender setenta
crianças, o que é uma vergonha, pois há dois refeitórios. É uma obra sem
condições técnicas. Qualquer cidadão pode pedir o fechamento da escola, e, se
acontecer algum acidente, vocês serão responsabilizados. E não digam que foi
leviano. Eu trouxe a essa tribuna somente aquilo que os pais denunciaram. Nada
mais.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Eu vejo, não no pronunciamento de V. Exa., mas na
linha adotada por seu partido, que foi falado que foi desde a Administração
Olívio Dutra. Recapitulando: quando a Administração Popular chegou à Cidade,
ela encontrou, naquele local, o CIEM João Satte, cuja proposta é de turno
integral, e meu partido defende isso em nível nacional. O que vejo agora, com
certa inconseqüência - mas irei até saudar, dado que estão chegando no caminho
certo, no meu entendimento -, é que estão reiniciando agora a implantação do
turno integral. Quando chegou o vosso partido na Prefeitura o turno integral
foi de tal maneira malvisto e exterminado pelo partido de V. Exa., que agora
vou saudar o reencontro do Partido dos Trabalhadores com a verdade do ensino,
que é a do turno integral para a realidade que nós vivemos hoje no País.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Eu vou ficar devendo o
aparte à Vera. Letícia Arruda porque terminou o tempo, mas quero dizer,
juntando a resposta aos dois Vereadores que me apartearam, que, na realidade, o
turno integral aqui proposto é o turno integral para a escola infantil, dentro
de um projeto pedagógico, que é o motivo pelo qual não ficam as duas salas com
o colégio João Satte. É que, na realidade, a escola infantil não é um depósito
de criança, como era a concepção das creches, até bem pouco tempo. Fruto do
movimento de defesa da criança e do adolescente, nós temos hoje escolas
infantis com toda uma formulação pedagógica da qual decorrem uma formulação
administrativa e uma preocupação com o espaço inclusive. E é por isso que se
quer garantir essas salas, numa racionalização do que vem a ser a administração
pedagógica e administrativa da creche com a escola infantil.
Nós vamos discutir ainda mais esses dados, Ver. Jocelin, e vamos ver
quem, de fato, está com a verdade. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra a Vera.
Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Vereadoras. Em que pese um envolvimento bastante grande com essa
questão e a necessidade de reafirmar que a tarefa da Comissão de Educação e
Cultura desta Casa vem sendo a de mediar, a de tentar buscar acordos, a de
tentar conciliar, a de tentar garantir que as comunidades sejam atendidas nas
suas reivindicações e que a universalização do ensino de pré-escolar e do
ensino básico sejam uma realidade na nossa Cidade, eu não tratarei, nesta
intervenção, da questão que meus colegas estão tratando. Faço isso porque me
parece que uma outra causa pede a nossa dedicação, a nossa atenção: é, Srs.
Vereadores, a denúncia que esta Câmara Municipal vem fazendo, em conjunto com
entidades da sociedade civil, com organismos não-governamentais, com os
Conselhos de Direitos das Crianças e com a Administração Pública, da
prostituição infanto-juvenil em Porto Alegre, da violência que é cometida
contra as nossas crianças e adolescentes.
Se é verdade que a crise social avança a passos largos, que neste
processo de desnacionalização do País, de submissão dos interesses nacionais
aos grandes banqueiros, existe uma contradição cada vez maior entre o
sofrimento do nosso povo e o que ganham - o lucro das multinacionais, dos
bancos, os lucros dos latifundiários -, se é verdade que esta contradição é uma
realidade hoje na sociedade brasileira, é verdade que a corda arrebenta sempre
do lado mais fraco e que as nossa crianças e adolescentes estão na base dessa
contradição, sofrendo, dentro das suas próprias casas e nas ruas das cidades, a
violência, a discriminação, toda a sorte de desmoralizações.
Mas nem só de fome, de miséria, nem só da crise social é que sobrevive
a prostituição infanto-juvenil no Brasil. Embora indiscutível o papel que o
fator econômico determina nessa questão, é importante salientarmos que existe,
por trás deste fenômeno da prostituição infanto-juvenil, da violência sexual,
dos abusos que ocorrem contra as nossas crianças, existe uma cultura que se
afirma contra a possibilidade de desenvolvimento pleno da humanidade de
qualquer pessoa. É uma cultura adultocêntrica e machista: centrada no adulto,
que tem na criança a sua propriedade; centrada no homem, que tem na mulher a
sua propriedade. Essa é, sem sombra de dúvida, Srs. Vereadores, uma das causas
principais. Portanto, para enfrentarmos esse problema, além de exigirmos das
autoridades policiais, da Justiça de um modo geral, a punição dos negociadores,
dos aliciadores das nossas crianças e adolescentes, é importante que se faça um
trabalho no plano das idéias no sentido da valorização humana das nossas
crianças, dos nossos adolescentes, não como cidadãos de um futuro, que pode não
existir, mas cidadãos do hoje, cidadãos do presente, cidadãos que merecem, têm
direitos e necessitam e exigem uma vida digna neste momento que estamos vivendo
e neste País.
Nos últimos dias, Srs. Vereadores, temo-nos reunido nesta Casa com
entidades da sociedade civil, com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança
e com os Conselhos Tutelares. Defendemos, na última reunião entre a Comissão de
Educação e esses organismos, deflagrarmos uma jornada, uma campanha da
cidadania de Porto Alegre, da sociedade gaúcha, contra a violência que se
comete contra crianças e adolescentes e pela punição dos agenciadores.
Vejam os senhores que, no último dia 12 deste mês, o traficante de
crianças Vitor de Jesus, o Buda, foi preso na CPI da Prostituição
Infanto-Juvenil, em Brasília, por perjúrio, solicitada sua prisão por
contradições no seu depoimento pelo Dep. Morone Torgan, quando o objeto
principal das acusações que a sociedade gaúcha tem contra esse cidadão e contra
mais de cento e quarenta e uma pessoas indiciadas nos inquéritos policiais é de
aliciamento, é de agenciamento de crianças e adolescentes, é de manter crianças
e adolescentes em cárcere privado, é de submetê-las a dez, a quinze programas
por dia para benefício econômico dos seus empreendimentos.
Nós estamos buscando que essa campanha se realize para envolver a
sociedade. Vamos buscar, Srs. Vereadores, que a Prefeitura Municipal de Porto
Alegre tenha uma ação contundente através da SMIC - tivemos a SMIC presente na
nossa reunião -, no sentido de fazer cumprir o art. 82 do Estatuto da Criança e
do Adolescente, que prevê que crianças e adolescentes não podem estar em
estabelecimentos de lazer de qualquer tipo, hotéis, pensões, desacompanhadas
dos seus pais ou responsáveis ou sem autorização expressa.
Precisamos da Prefeitura de Porto Alegre nesta jornada. Precisamos do
pronunciamento, do compromisso do Governo do Estado do Rio Grande do Sul sobre
as intervenções limitadas que a Polícia Civil vem tendo nos inquéritos
policiais, que, quando chegam na esfera do Judiciário, são considerados
insatisfatórios e pessoas notoriamente culpadas dos crimes de acabar com os
sonhos e as perspectivas de futuro de muitos jovens são colocadas à solta, são
liberadas porque os inquéritos policiais não apresentam provas suficientes
daquilo que todos nós sabemos.
A verdade, Srs. Vereadores, é que a prostituição infanto-juvenil deste
País vem crescendo tanto, e, segundo dados oficiais, são mais de quinhentas mil
meninas vítimas desse processo e, segundo a UNICEF, são mais de dois milhões de
meninos e meninas deste País. Só vem crescendo tanto este fenômeno, sem dúvida
alguma, porque conta ou com a omissão ou com a conivência de autoridades do
âmbito policial, do âmbito judicial. E nós precisamos, com força de vontade,
envolver a cidadania com o objetivo de responder e pressionar as autoridades para
que nos respondam, a cada momento, com a transferência de responsabilidade de
um órgão para outro, porque dessa via sacra, sem dúvida nenhuma, toda a
sociedade já está cansada.
A Comissão de Educação desta Casa, em conjunto com as entidades não-
governamentais, vai procurar o Sr. Governador do Estado, pedindo a ele maior
seriedade, mais providência no sentido do envolvimento, da dedicação que a
Polícia Civil deve ter quanto a essa questão no nosso Estado. Nós vamos
procurar também a Procuradoria-Geral do Estado com o objetivo de pedir
agilidade nos processos que estão no âmbito do Judiciário. E vamos desenvolver
uma campanha no sentido de defender as nossas crianças e adolescentes. Uma
proposta concreta que surgiu a partir dessa reunião é a de defender que o
Município de Porto Alegre tenha uma delegacia especial, uma delegacia de defesa
das crianças e adolescentes como forma de sabermos onde denunciar os crimes que
se cometam contra as nossas crianças e nossos adolescentes, porque para punir,
para exterminar, para prender a Polícia e a Justiça vêm sendo muito ágeis, mas
para proteger dos que aliciam, dos que matam, dos que prendem, a nossa Polícia,
o nosso Judiciário vêm deixando muito a desejar.
O Sr. Mário Fraga: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Vera. Maria do Rosário, eu queria aproveitar a
oportunidade. Eu acho que V. Exa. chegou tarde na Sessão hoje. A Tribuna
Popular foi utilizada pelo Clube de Mães e V. Exa. chegou no fim da explanação
das duas mães. Elas estavam solicitando, aqui, uma coisa engraçada para os
Vereadores, mas para a comunidade uma coisa muito séria, que é a construção de
três salas de aula. Então, eu queria me colocar à disposição e queria que a
Comissão que V. Exa. preside assumisse alguma coisa em torno da construção
dessas três salas de aula e passasse responsabilidade a quem cabe, que é o
Município, e eu gostaria de estar junto com V. Exa nessa luta, porque as duas
mães que estiveram aqui pediram simplesmente a construção dessas três salas de
aula. Se conseguíssemos isso para elas, elas iriam adiante nesse projeto.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Ver. Mário Fraga, em
resposta a sua solicitação, nós já estivemos com as mães aqui, antes de
entrarmos para a Sessão, e já agenciamos para quinta-feira à tarde uma
audiência dessas mães com a Comissão de Educação e Cultura, e V. Exa., como
todos os Vereadores, está convidado.
Eu gostaria, para concluir, Sr. Presidente, de convidar os Srs.
Vereadores para esse encontro da Comissão e Cultura desta Casa: “Criança e
adolescente: cidadão hoje”. Nós vamos realizar esse encontro em parceria com o
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e com os Conselhos
Tutelares. O nosso objetivo, o objetivo da Comissão de Educação desta Casa, é o
de integrarmos o trabalho dos Conselhos, dos organismos de defesa da criança e
do adolescente, com os programas educacionais, com as escolas públicas
municipais, estaduais e particulares que atuam no Município de Porto Alegre. É
nossa intenção pensarmos o papel dos professores, dos educadores, dos
trabalhadores em educação na prevenção aos maus tratos na infância. Tenho
certeza que nós vamos contar para esse encontro, na próxima sexta-feira, com a
presença dos Vereadores desta Casa e com a reflexão, também muito importante,
para que tenhamos uma nova realidade: a realidade de direitos para as nossas
crianças e adolescentes, que podem não ter um futuro se nós não atuarmos na sua
proteção. Obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac
Ainhorn pelo tempo que lhe cede o Ver. Mário Fraga.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, gostaríamos, da tribuna desta Casa, de prestar contas de duas
representações que fizemos em nome desta Casa. Não: uma delas em nome da
Comissão de Constituição e Justiça, e outra em nome desta Casa. A primeira
delas, Sr. Presidente, diz com o problema de segurança da Cidade de Porto
Alegre, que é um problema dramático e que vem se agravando dia a dia em todos
os pontos da nossa Cidade, e é evidente que os Vereadores, embora a competência
da matéria seja estadual, não podem ficar alheios a esse fato porque diz com a
vida da Cidade, com a vida das pessoas, e a vida das pessoas se dá no contexto
das cidades.
Nós participamos, na última semana, mais especificamente, de uma reunião
do Alto Partenon, da Associação de Moradores e Vizinhos do Alto Partenon,
preocupados com a questão da Linha T2, que mudou de itinerário, deixando
algumas milhares de pessoas da região do Alto Partenon e da Vila Maria da
Conceição sem transporte coletivo, sem a prestação do serviço de transporte - a
Linha T2, no caso, é uma linha da responsabilidade da Cia. Carris - sob a
alegação de que os ônibus da Cia. Carris não tinham segurança para subir o
morro. Eu e o Ver. Nereu D’Ávila, Líder da Bancada do PDT, estivemos nessa
reunião. Lá, sustentamos a posição de que a Cia. Carris não podia, por uma
decisão unilateral, simplesmente mudar o itinerário de uma linha de transporte
coletivo, alegando ausência de respaldo de segurança para que pudesse manter o
itinerário da Linha T2 no Alto Partenon. Lá, cobramos da Cia. Carris uma
posição de restabelecimento da Linha T2 no Alto Partenon, servindo exatamente,
no Alto Partenon, as Ruas Batista Xavier, João do Rio, Mário Atargão e todo um
conjunto de ruas ali e na Vila Maria da Conceição que servem milhares de
pessoas.
A propósito, também é do conhecimento do Ver. José Gomes esse assunto,
que esteve também em uma das reuniões daquela região. Nós conseguimos, graças a
nossa intervenção, do Líder da Bancada do PDT, Ver. Nereu D’Ávila, e da
intervenção deste representante da Comissão de Constituição e Justiça, este
Vereador e o Ver. José Gomes, um compromisso da Cia. Carris de restabelecer a
Linha T2 no Alto Partenon. Isso será feito hoje, Ver. Pedro Américo, às 5h da
tarde, na sala da Comissão de Justiça, e todos os Vereadores estão convidados
para uma reunião que lá transcorrerá com a participação do Presidente da
Carris, do Secretário Municipal de Transportes e da corporação da Brigada
Militar, responsável pela segurança naquela região da Vila Maria da Conceição e
Alto Partenon.
O Sr. Nereu D’Ávila: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não sei se V.
Exa. leu na imprensa, hoje ou ontem, que, a partir de hoje, foi restabelecida a
Linha T2. Então, evidentemente, em respeito àquela assembléia em que estávamos
presentes, que foi muito contundente... Mas, de qualquer modo, creio que a
reunião de hoje por isso não está desativada. Eu creio que não colocariam no
jornal algo que não é verdade. Então, se está se restabelecendo a Linha T2 é
por uma vitória da comunidade, sem dúvida, e isso não fazia parte das propostas
do Sr. Bertotto, que levou à assembléia a Carris e o Presidente da SMT. O Sr.
Bertotto, até aquela reunião, não pretendia restabelecer a Linha T2.
O SR. ISAAC AINHORN: Segundo as informações que
li hoje, que envolvem o restabelecimento da Linha T2, é de que será
restabelecida de fato, mas que tem como pressuposto o protocolo que será
firmado hoje à tarde aqui, na Câmara de Vereadores. É importante a intervenção
da Câmara de Vereadores. Aliás, justiça seja feita. E eu, que tenho sido,
muitas vezes, crítico implacável da administração do Partido dos Trabalhadores,
quero dizer que, se em um determinado momento o Eng. Bertotto estava numa
posição intransigente, apresentando duas alternativas - inclusive, uma
apresentando a alternativa para pagamento de duas tarifas -, agora, sentindo a
pressão da comunidade em ver restabelecida a Linha T2, devo reconhecer que ele
foi sensível, até porque o Governo do Estado, através da Brigada Militar e da
Polícia Civil, tem feito incursões naquela área, pacíficas, dentro da lei,
protegendo os cidadãos, conquistando a simpatia da população, dos moradores da
Maria da Conceição e dos demais moradores daquela região. Porque não há interesse
de estabelecer um conflito. Ao contrário, busca-se a convivência naquela
comunidade, que é pacifista, ordeira e séria.
O Sr. Divo do Canto: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Como faço parte daquela comunidade e tenho meu trabalho
comunitário em cima daquele bairro e estou acompanhando essa questão, fiz parte
da reunião. Antes de o companheiro lá ir, e com a comissão daquela comunidade,
fui ao Presidente da Carris. Acertei a vinda dele naquela Comissão, só que eu
não estava presente, mas estava um representante do meu gabinete. Eu gostaria
que a Taquigrafia registrasse isso.
O SR. ISAAC AINHORN: Estava presente um
representante de seu gabinete e o Dr. Lamarc, representando o gabinete do Ver.
Antonio Hohlfeldt.
O Sr. Divo do Canto: Ficaria chato um Vereador,
morando em determinada localidade, não participar de um trabalho referente a
essa localidade.
O SR. ISAAC AINHORN: É verdade! Inclusive seria
um grave erro omitir a presença de um representante do Ver. Luiz Braz, que
estava ali presente e que também é Vereador daquela região. Seria, Vereador,
como se V. Exa. - e está aberto a V. Exa.- fizesse uma reunião no Bom Fim e eu
não estivesse lá presente. Seria praticamente a mesma situação. E é verdade,
justiça seja feita: essas intervenções de V. Exa., a presença constante do
gabinete de V. Exa... Isso é importante dizer.
Hoje, pela manhã, fui cobrado por uma emissora de rádio que os
Vereadores estavam muito preocupados com a Rua 24 Horas e não estavam
preocupados com a segurança da Cidade, o que não é verdade, até porque um dos
assuntos presentes em todos os momentos e que tem intervenção direta dos
Vereadores desta Cidade é a questão da segurança, muito embora nós saibamos que
é uma questão que compete ao Governo Estadual e à Assembléia Legislativa. Eu
mesmo sou responsável pela iniciativa da Cartilha do Estudante sobre segurança.
O Ver. José Gomes tem inúmeras intervenções nesse sentido; o Ver. Pedro Américo
Leal, Ver. Nereu, Ver. Jair Soares, Ver. Divo do Canto, Vera. Letícia Arruda,
Ver. Milton Zuanazzi, Ver. Jocelin Azambuja e a Vera. Clênia Maranhão, que tem
uma intervenção, no Menino Deus, sobre segurança. Nos sentimos, então, cobrados
de algo injusto. Se há colégio político representativo da Cidade de Porto
Alegre que tem tido uma intervenção decisiva na questão da segurança é esta
Casa.
O Sr. Divo do Canto: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu fiz um pronunciamento da tribuna, na semana
passada, em cima deste fato. Quero dizer mais: lá, naquela zona, a Secretaria
de Segurança costuma atender os pedidos. Tem um carro da Polícia Militar
permanente lá; foi colocado um posto...
O SR. ISAAC AINHORN: Um posto móvel - duas
viaturas.
O Sr. Divo do Canto: É uma espécie de microposto
de policiamento. Mas acontece que em dois meses eles retiraram aquilo de lá. Já
aconteceu no passado. Eu luto há vinte anos lá. Então, só queria esclarecer e
dar este alerta, porque em pouco tempo desativam aquilo lá e recomeça a
bagunça.
O SR. ISAAC AINHORN: Gostaria de dizer que, na
companhia do Ver. Nereu D’Ávila, procuramos, junto ao Governo do Estado, até
pela condição de sermos pedetistas e o Governo do Estado ser do PDT, buscar um
policiamento para aquela região, até pela nossa legitimidade em sermos
Vereadores desta Cidade, podendo ser de qualquer partido - PDT, PFL, PT, etc.
Então, cumprimos com a nossa obrigação.
Sr. Presidente, no momento oportuno, eu gostaria de fazer uma prestação
de contas em relação à representação desta Casa, em nome de V. Exa., na Sessão
de homenagem ao aniversário do Poder Legislativo Estadual Rio-Grandense e do
centenário de nascimento de Oswaldo Aranha. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do
Ver. Eliseu Santos, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia de
hoje.
(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Eliseu Santos,
conforme consta na Ata.)
O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, sou obrigado a vir a esta tribuna porque tanto a nota do Partido
dos Trabalhadores como a manifestação da Vera. Helena Bonumá não foram corretas.
Eu sei que é difícil quando se está errado, mas quem vai mostrar os
erros é a própria comunidade, e lá, na Comissão de Educação, está registrado.
Nós cumprimos com o nosso dever de intermediar, só que temos o dever de cobrar
os resultados. Impuseram à comunidade a volta às aulas da maneira que queriam.
O Partido dos Trabalhadores não aguardou uma posição final da comunidade, impondo
a decisão que havia tomado, como tem sido a sua prática, lamentavelmente, nas
decisões da área da educação. O que eu lamento mais ainda é que a Secretária e
o Secretário-Adjunto, que foi dirigente do CPERS/SINDICATO, estão fazendo, na
prática, tudo ao contrário do que pregavam durante o ano. Não gostam da
crítica, mas gostam de fazer. Gostam de criticar os governos que não respondem
com a educação.
Aproveito para fazer um registro. Nós estivemos com a Comissão de
Educação da Casa - a Vera. Maria do Rosário e o Ver. Geraldo de Matos Filho -,
fazendo uma visita à Escola Aramis Silva. Não digam que é o Ver. Jocelin
Azambuja que está querendo fazer discurso eleitoral. Eu não sou candidato. É
uma vergonha. Lamentavelmente, a Vera. Helena Bonumá e o Ver. Décio Schauren
não tiveram a oportunidade de ir naquele dia. Devem ter ido em outra
oportunidade. A escola está caindo. Eu fiquei pasmo de ver as condições físicas
da escola. Aquilo é prédio em que não se coloca nenhuma criança dentro. A
condição do piso, para os senhores terem uma idéia, é daqueles pavilhões de
madeira antigo. Não me atrevo a dizer que era uma “brizoleta”, porque, talvez,
seja mais antigo. Simplesmente o assoalho está afundando. Há locais em que o
assoalho balança. Há buracos na sala de aula, em que as crianças e as
professoras já caíram. Nos passeios das partes internas, as tábuas estão
quebradas. Constatamos no local. As professoras deveriam estar recebendo risco
de vida pelo que passam lá. Não é brincadeira. Boa parte do teto já caiu em cima
das crianças. A fiação, a parte elétrica, é uma vergonha.
O PT deveria usar aquela escola para divulgar no seu horário nobre de
três ou cinco minutos por semana, porque lá ainda estão vivas as crianças por
sorte. Daqui a alguns dias, eu não sei o que vai acontecer. Vai haver uma
tragédia. Os cupins tomaram conta da escola. O assoalho é vergonhoso, o teto é
vergonhoso. Tudo é vergonhoso. Fizeram uma sala de aula provisória, um
cubículo, onde hoje estão vinte crianças. Era provisória; virou permanente. A cada
ano diminuem mais o espaço para a escola. A casa do zelador - que não era lá -
é melhor do que a escola. O próprio Ver. Geraldo de Matos Filho pôde avaliar. E
o que fizemos, como Comissão de Educação? A Comissão de Educação recebeu aqui
na Casa... Participei da reunião com os demais Vereadores da Casa. Ficamos de
ir visitar a escola. Visitamos a escola. Nossa Presidente vai agendar uma
audiência com a Secretária Municipal de Educação para ver os resultados.
Mas o mais grave de tudo é que dizem para as comunidades que o
Orçamento Participativo é que vai resolver. Que absurdo é esse? Vamos esperar
que morra alguém para, depois, o Orçamento Participativo dizer se pode ou não?
Isso é brincadeira! Não é assim que se trata a coisa pública, não é assim que se
tratam crianças, não é assim que se trata a vida humana. V. Exas. são
testemunhas de que, quando eu presidi a Federação de CPMs aqui em Porto Alegre,
em 88, fiz uma interdição, junto com o Governo Municipal, em mais de setenta
escolas estaduais para serem reconstruídas, e foi exigência da comunidade.
Agora a mesma coisa deve ser feita. Não posso ter dois procedimentos. Tenho que
defender da mesma forma.
Alerto a Bancada do Partido dos Trabalhadores que vá fazer uma visita a
essa escola, porque, se V. Exas. visitarem a escola, não vão mais deixá-la
funcionar, porque os filhos de V. Exas., tenho certeza, jamais pisariam naquela
escola. Jamais colocariam vossos filhos em risco. Vejam que não sou eu que
quero criar polêmica política, mas V. Exas. que têm que bem administrar. E a
nossa tarefa aqui, como oposição, e a tarefa dos Vereadores, é cobrar do
Executivo um bom trabalho para a Cidade, e não ficar assistindo à má
administração. Quando as coisas são boas, nós aplaudimos, podem ter certeza,
Srs. Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ainda no Grande Expediente,
o Ver. Milton Zuanazzi está com a palavra.
O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, faço meu pronunciamento em partes, primeiro para dizer que, na sexta-feira,
juntamente com o Ver. Jocelin Azambuja e o Ver. Giovani Gregol, participei de
uma reunião com a comunidade no Parque Madepinho, que envolveu a questão da
área a qual temos chamado de Morro do Osso, ou do assentamento das vilas em
áreas de risco, como a Vila Cai-Cai. Houve um debate bastante intenso com o
pessoal que representava o DEMHAB, do qual nós participamos. Eu cheguei à
conclusão de que a discussão está ainda imatura. Precisa haver muito
aprofundamento.
O Ver. Jocelin Azambuja colocou várias questões críticas, e o Ver.
Giovani Gregol, como ecologista, aprofundou o debate, do ponto de vista
crítico, sobre o que será feito, destinado àquela área. De forma que eu chamo a
atenção dos Srs. Vereadores para que se debrucem mais sobre o assunto. Eu não
imaginava que se tratava de uma área tão importante, tão nobre, apesar de ter
vivido anos naquela zona. Eu não acreditava que esse assunto pudesse se
desenvolver para outras frentes e outras preocupações, que não é aquela que eu
imaginava: somente de uma rejeição dos moradores do local aos moradores das
vilas que ali vão se instalar. Não senti muito essa rejeição. Havia vários
líderes comunitários da região ali: da Cavalhada, do Parque Madepinho, da zona
em volta. Não havia essa rejeição. O que havia era uma discussão profunda do
melhor aproveitamento daquela área. O Ver. Giovani Gregol, e eu o elogiei pela
sua capacidade, foi extremamente crítico, não ao projeto de assentamento
popular - isso ele defendeu -, mas em relação à chamada área de contenção, que
é onde vai ficar o povão e onde vai ficar o morro, nesse projeto em que ele
institui o Parque do Morro. No meio tem uma área de contenção. Só que é uma
área de contenção onde vão fazer moradias para a classe média, ou
cooperativados. Aí, o Ver. Giovani Gregol colocou uma pergunta correta: é para
conter quem? É para conter os pobres, que estão mais embaixo? Quem vai ser
contido? Ali, eu senti que ele tocou num aspecto relevante, e eu chamo a
atenção porque nós precisamos discutir melhor esse projeto. Trata-se de uma
área extremamente nobre. Eu, “a priori”, não tenho absolutamente nada contra
assentamento popular em área nobre. Já defendi, desta tribuna, mesmo não sendo
Vereador, logo que assumi, o Projeto da Vila Planetário, e não tenho por que
não assumir qualquer projeto dessa natureza. Agora: acho importante uma
discussão mais profunda.
O Sr. Jocelin Azambuja: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para corroborar as suas palavra e dizer que,
quando esteve aqui o Diretor do DEMHAB, Dr. Hélio Corbellini, foi tão
superficial na sua manifestação perante esta Casa sobre um assunto de tanta
relevância. Mostra, realmente, que o projeto não foi bem desenvolvido. O Ver.
Giovani Gregol e V. Exa. puderam verificar esse aspecto. Nós nos integramos nesse
processo de preocupação com aquela área. Muito obrigado.
O SR. MILTON ZUANAZZI: Eu agradeço o aparte de V.
Exa. Não poderia me furtar, neste momento, de avaliar uma matéria do jornal
“Zero Hora” de sexta-feira. A “Zero Hora” nos deu a honra e o orgulho de ter
colocado o nosso partido, o PDT, e o nosso líder maior, Leonel Brizola, na
página policial. Saímos das páginas 6, 7, 8, 9 e 10 e fomos para a página 54,
mais especificamente a página 52. Estamos na página policial da “Zero Hora”.
Muito bem: acho que demostraram, exatamente, o respeito que sentem por nós.
Está aí explícito. O Sr. Augusto Nunes explicitou, com todo aquele ódio que
deve guardar, aquele rancor que traz sei lá de quê. Nos colocou na página 54 da
“Zero Hora” sobre a famosa lista do bicho e do Castor e companhia limitada.
Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até onde vai a nossa hipocrisia?
O jogo do bicho, uma instituição deste País há cem anos, que todos nós já
jogamos, que a própria Juíza Denise Frossara, que prendera os bicheiros no
final do ano passado, declarou que não os estava prendendo pela contravenção ao
jogo do bicho, mas, sim, por problemas em suas declarações de renda, por
indícios na questão do tráfego de drogas... Todos nós sabemos. Há depoimentos
do próprio Ministério Público. Basta fazer uma pesquisa, no Fórum de Porto
Alegre, de bicheiros que foram liberados de processos porque a sua acusação era
a de fazer o jogo do bicho. Isso é nítido e notório - eu não sou jurista -,
mas, como dizem, é jurisprudência no ramo, “data vênia”; isso está acontecendo
há anos no Brasil. Há processos que se terminam a pedido do próprio Ministério
Público. Mas, de repente - por que será, por que motivo? -, aparece, com grande
repercussão de imprensa, com grandes polêmicas, o envolvimento do jogo do bicho
numa lista que, desde então, a jurisprudência morreu e passou a ser uma lista
de corrupção. Está ali o cofre do Castor, a ser aberto, ele, que desfila na
Mocidade Independente durante carnavais a fio. Quem de nós não conhece o Sr.
Castor de Andrade e outros bicheiros do Rio de Janeiro? Quem de nós não conhece
os donos dos times de futebol? Mas, da noite para o dia, a grande imprensa
brasileira descobriu que os bicheiros fazem contravenção e que isso é crime.
O Sr. Boni e a Rádio Globo, do Rio de Janeiro, transmitiam - parece que
pararam agora - diariamente três extrações do jogo do bicho no Rio de Janeiro,
mas descobriram, na semana passada, que há jogo do bicho no Brasil! E aquele
Governador, entre centenas de governadores que tem e que teve o Brasil nesses
últimos seis anos?! O Governador Brizola, que nomeou o Sr. Biscaia e o
Secretário Vivaldo Barbosa, que iniciaram a perseguição implacável ao jogo do
bicho no Rio de Janeiro, que é nítido e notório, e de repente aparece uma
determinada lista? Qualquer um de nós pode estar numa lista dessas! Se a
questão é chegar e encontrar um cofre, qualquer um de nós pode escrever essa
lista! Exatamente no momento do ano eleitoral! Com muito espalhafato, com muito
holofote, com determinados promotores que hoje têm um poder que a Constituição
lhes confere a partir de 88 - no meu ponto de vista, corretíssimo, a favor da
sociedade -, mas que ainda não se acostumaram com o poder, não sabem ainda qual
o exercício do poder que possuem.
Eu próprio me sinto vítima pessoal de um Promotor que, na noite em que
houvera a condenação, estava num programa de televisão, com glostora no cabelo,
dizendo que eu ia pegar oito anos de cadeia. Estou esperando a cadeia dele. Que
poder é esse que sai a largar, da forma que bem entende e a seu modo, listas e
nomes? Que responsabilidade têm eles, já que são um poder de acusar e não um
poder de decidir? Ou nós vamos começar a questionar isso, essa questão da
constituição da democracia que passa por um Judiciário limpo e atuante e que passa
por um Ministério Público agindo corretamente, ou isso vai se perder por aí.
Muito cuidado, extremo cuidado com os momentos que estamos vivendo!
Eu até falava desta tribuna, quando me referi àquele meu processo, que
de repente vai chegar um momento no Brasil em que todos nós estaremos sendo
acusados de alguma coisa. Esse momento está quase chegando. Quem de nós terá
acesso aos grandes meios de comunicação de massa para distinguir-se dos demais?
Transferimos de mão beijada, de bandeja, aos grandes conglomerados de
comunicação o poder de decidir quem presta e quem não presta. Essa questão das
campanhas eleitorais... Ora, francamente! Estamos aqui diante de trinta e três
Vereadores. A lei é hipócrita na sua origem. É totalmente hipócrita, e
permanece. No entanto, sei lá por que não a alteramos, deixando que assim ela
permaneça.
Muito cuidado, Srs. Vereadores, com o que está acontecendo no nosso
País. Esse pode ser um projeto de terminar com qualquer projeto de construção,
de liderança autêntica no nosso País para deixar ao sabor dos grandes meios de
comunicação de massa comandarem, liderarem, como uma espécie de país do futuro,
liderarem a política que está por vir. Enquanto estivermos nessa luta, vamos
protestar e abrir a boca contra essa manipulação grosseira. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Vou utilizar o tempo de
Presidência. Estava aguardando a chegada do Ver. Fernando Zachia para que
pudesse utilizar esse tempo.
O Plenário assistiu a uma cobrança que fez o Ver. Fernando Zachia a
esta Presidência, a esta Casa, com relação ao Convênio dos Meninos da FEBEM.
Esta Casa também assistiu a esta Presidência ir para a tribuna e, com todo o
respeito, dizer ao Ver. Fernando Zachia que a resposta que ele havia recebido
prendia-se, talvez, ao fato de uma falta de rubrica, mas que nós nos
colocávamos a sua inteira disposição porque também éramos simpáticos ao projeto
e gostaríamos de vê-lo implementado.
Pensávamos que estava equacionado o problema e que o tínhamos
direcionado bem, mas eis que, nesta semana, ou semana passada, ouvimos uma
entrevista do Ver. Fernando Zachia, em uma emissora de televisão, dizendo que
esta Casa estava falhando em não adotar o projeto Meninos da FEBEM e que o
convênio que nós estávamos adotando com relação aos estágios curriculares era,
na verdade, eleitoreiro. Ora, meus amigos, todos nós sabemos - e eu disse desta
tribuna - que esse convênio dos estágios curriculares nós iríamos adotar para
suprir determinadas lacunas existentes na Casa, relacionando, por exemplo, os
Anais, cuja impressão está atrasada oito anos. Então, temos que colocar esses
Anais em dia, e para isso pretendemos utilizar, exatamente, esses estagiários.
Aquela explicação que recebemos da área técnica da Casa e repassamos
para o Ver. Fernando Zachia, de que, na verdade, não havia rubrica, foi
confirmada, e eu tenho aqui a resposta para repassar às mãos do Ver. Fernando
Zachia. Realmente, falta rubrica, porque no ano de 1991 nós votamos um Projeto
de Resolução de autoria da Mesa, que era presidida pelo Ver. Antonio Hohlfeldt,
e que dava direito à Casa de contratar trinta estagiários curriculares. Foi
também uma decisão da Mesa, juntamente com as Lideranças, em reunião realizada
há algumas semanas, que eles não seriam chamados por Vereadores, mas de acordo
com as necessidades da Casa. Os Vereadores concordaram com as Lideranças que
estavam presentes naquela reunião de Mesa. Só que, Ver. Fernando Zachia, na
verdade, o estágio dos meninos da FEBEM, de acordo com o projeto que eu tenho,
é um estágio que deve beneficiar, exatamente, trinta e três menores da FEBEM, o
que significa um para cada Vereador. Só pediria a V. Exa. que, de posse dessas
informações, voltasse a ocupar os mesmos espaços para dizer que a Casa só não
adota esse convênio porque não pode, porque, na verdade, não tem condições de
adotar, mas que a Casa, desde o primeiro instante, mostrou-se favorável a que
nós pudéssemos votar também, aqui neste Plenário, um Projeto de Resolução, para
o qual nós votamos aquele dos estágios curriculares, para que nós pudéssemos
também votar aqui os estágios com os garotos da FEBEM. Agora: não é justo que a
instituição Câmara Municipal tenha a sua imagem distorcida lá fora por causa de
problemas que eu não sei.
Eu nunca tive problemas pessoais com o Ver. Fernando Zachia. Quando ele
foi para a imprensa, quando ele foi para os canais de televisão, ele foi para
colocar esta Casa numa situação muito difícil. Não é a Presidência desta Casa.
Eu acredito que, quando esta Casa fica numa situação difícil, todos nós, na verdade,
devemos nos levantar em defesa dela, e é por isso que estou fazendo esta
solicitação, para que, com estas informações que passo às mãos do Ver. Fernando
Zachia, por favor, que ele utilize os tempos que eu não quero utilizar na
imprensa para desmentir as suas acusações com referência a esta Casa, porque
não são verdadeiras. Querendo, realmente, implementar o convênio com a FEBEM -
aquele pedido inicial que eu fiz está de pé -, que me procure, porque eu tenho
o máximo prazer em trabalhar juntamente com o Ver. Fernando Zachia para que nós
possamos trazer para cá os meninos da FEBEM, mas não um projeto eleitoreiro com
trinta e três meninos, não, mas os meninos da FEBEM vindo aqui também para
trabalhar para a Casa, para fazer serviços para a Casa. Falou-se em trinta e
três, falou-se em vinte e dois; podem ser vinte, não sei, mas que venham fazer
aqui serviço para a Casa. Eleitoreiro? Nunca. Um convênio que estamos colocando
em ação nunca ele poderia ser chamado de eleitoreiro, porque ele não está
servindo aos Vereadores. Ele está servindo só a esta Câmara Municipal.
Eleitoreiro seria um convênio que viesse aqui servir Vereadores, o que não é o
caso que nós trouxemos aqui como resposta ao Ver. Fernando Zachia. Portanto, eu
deixo esta resposta. Passo às mãos do Ver. Fernando Zachia as respostas
oficiais da Casa para que ele possa, mediante essas respostas, colocar a
verdade como realmente ela deve ser colocada nos meios de comunicação e que
possamos colocar em prática o convênio Meninos da FEBEM, só que votando um
Projeto de Resolução, que é o que está faltando, é o que não temos. A rubrica
que temos é para os convênios curriculares. Falta, Ver. Fernando Zachia, uma
rubrica onde possamos abrigar esse convênio Meninos da FEBEM.
Eu não pretendia tratar deste assunto desta forma, mas assim fui
obrigado após ouvir a entrevista do Ver. Fernando Zachia. Desde que assumi a
Presidência desta Casa, no dia 3 de janeiro, esta nunca recebeu um ataque, até
porque tenho administrado da maneira mais aberta possível junto com todas as
Lideranças da Casa. Foi o primeiro ataque que recebemos, e eu posso jurar a V.
Exa.: são inverdades que faço questão que sejam refutadas pelo próprio autor.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Zachia está
com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZACHIA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, volto a me manifestar porque, da outra vez que o fiz, só me
manifestei após receber o parecer da Casa, Tive o cuidado, Sr. Presidente, de,
antes de me pronunciar, obter todos os dados. O dado que eu tinha está aqui: a
rubrica 31.31-01.05 é para estágios e tinha 21.020 mil cruzeiros reais. Eu não
inventei esses dados. Nessa entrevista que V. Exa. citou, deixei dito - e tenho
quase a certeza de que foram essas as minhas palavras - que poderia esse
projeto ser preterido por um outro por razões eleitoreiras, porque ele envolve
adolescentes de quatorze a dezessete anos que não votam - apenas os maiores de
dezesseis poderão votar. O outro, que tramitava com antecedência a esse encaminhado
por mim na Casa, que envolvia rapazes que estão cursando universidade, ou curso
superior, esses, sim, que poderiam, até pela remuneração. A informação não é de
V. Exa., não é minha, mas é de um membro do seu partido que foi no meu gabinete
ver isso, que aquele projeto poderia remunerar até três salários mínimos, e não
a todos os Vereadores, a Líderes. O meu é criterioso - a todos os Vereadores da
Casa. Não estou fazendo distinção entre eu e o Ver. Geraldo de Matos Filho, que
é Vice-Líder. Tem o mesmo direito e a mesma assessoria que eu, porque eu
ocasionalmente estou na Liderança do meu partido.
Esse projeto que encaminhei, que não é meu - é um programa que já
existe pela FEBEM -, é criterioso. O que tramitava iria contentar somente as
Lideranças. Não é informação de V. Exa. Eu não tive o cuidado de procurar.
Fiquei sabendo pela manifestação de V. Exa. de que havia outro, mas que não
haveria o critério de trinta e três. Quando encaminhei, eu não sabia. O
primeiro dado oficial da Casa foi agora, assinado pela Sra. Sônia, que diz aqui
que não tem verba específica. Só fiz a manifestação em cima do documento da
Casa. Tive ainda o cuidado de consultar os Vereadores experientes, pois é a
minha primeira legislatura. Essas pessoas me orientaram. “Pega empenhos e guias
de pagamentos, competência tal, até, que vai lhe dar exatamente se tem verba ou
não.” Em cima dessa informação que eu falei. A mesma coisa que falei na
televisão. Não discuti e disse que a Casa sabia o mérito. Deixei claro isso. V.
Exa. ouviu na televisão: “A Casa reconheceu o mérito do projeto”.
Nunca me preocupei em atacar alguém desta Casa, até porque pertenço a
ela, com muito orgulho. Sempre tive o cuidado de deixar bem clara a preocupação
que nós, Vereadores, temos com esta Casa. Agora: se tramita um com antecedência
ao meu, se os méritos daquele são melhores que os do outro, tudo bem. Não foi
esta a minha postura, de reclamação. Foi sobre a informação oficial da Casa,
assinada no dia 06-4-94, dizendo que não tinha dinheiro para esse programa específico.
E vamos quebrar aqui o Regimento da Casa, mas me parece que a rubrica 3131 é
para estágios.
O SR. PRESIDENTE: Estágios curriculares.
O SR. FERNANDO ZACHIA: Assessorei-me na ocasião, e
aqui está bem claro: está escrito somente estágios. Se há uma outra palavra,
eu, realmente, não sei, e até queria essa informação, e até teria o máximo
cuidado, porque a minha denúncia foi em cima dessa informação. Tive cuidado.
Procurei pessoas que trabalharam na Mesa, na Casa, na legislatura anterior, e
todas me orientaram. É estágio. Não está se separando e distinguindo qual
estágio. Os dois são programas dentro dessa índole. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apenas a título de
informação para o Plenário, para complementar o que disse ao Ver. Fernando
Zachia, esclarecer a dúvida que ainda paira ao Ver. Fernando Zachia: nós
votamos um Projeto de Resolução, que é a única coisa que temos na Casa, em
1991, e esse Projeto de Resolução votado é sobre estágios curriculares. Para
que possamos utilizar essa rubrica para outro tipo de estágio, temos que votar
também nesta Casa um Projeto de Resolução. É só isso, Ver. Fernando Zachia, que
está faltando a V. Exa. É um Projeto de Resolução que não foi votado. No
processo de V. Exa., na verdade, está faltando alguma coisa. Falta exatamente o
Projeto de Resolução, que não faltou àquele dos estágios curriculares que
votamos em 1991. Por isso, pode-se aproveitar dessa rubrica aqui, e esta só
veio para cá para cobrir os gastos com os trinta estagiários e não existe
realmente, nesta rubrica, nada específico para os estagiários da FEBEM.
Precisamos votar um Projeto de Resolução na Casa, porque não tem. É só isso que
pedimos. Por favor, vamos esclarecer os fatos antes. Eu coloquei à disposição a
minha assessoria toda para que pudéssemos fazer com que houvesse a
implementação do Projeto do Ver. Fernando Zachia. Eu pediria, mais uma vez, que
fosse utilizado o mesmo tempo de imprensa para colocar a verdade dos fatos.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu queria deixar registrada a minha inconformidade de
que essa discussão se dê nos termos em que está se dando. Eu acho que o tempo
de Presidência, a não ser que o Regimento tenha mudado, é exercido da tribuna,
e não da Mesa. Desculpe-me: eu tenho essa discordância e gostaria de registrar.
O SR. PRESIDENTE: O tempo de Presidência pode
ser exercido da Mesa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Nunca o foi, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Nunca o foi, mas pode ser
feito da Mesa. Estou fazendo dentro do Regimento. V. Exa. pode até me
contestar, mas eu estou exatamente dentro do Regimento.
Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt em Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu queria falar sobre o tema que me surgiu por acaso hoje, pela
manhã, e que, diante de sua gravidade, eu resolvi trazer ao Plenário desta
Casa, que é a questão do aeromóvel e a situação em que se encontra esse projeto
na Cidade de Porto Alegre.
Todos nós sabemos que o projeto do aeromóvel nasceu aparentemente com
uma boa estrela e, por motivos até hoje não muito bem explicados, a partir de
um certo momento - por intrigas palacianas ou diferenças de interesses de
grandes empresas multinacionais, que vão, desde outros projetos, outras
alternativas de transportes de massa, até, evidentemente, o próprio sistema que
alimenta o transporte coletivo por ônibus -, começou a receber areia no
caminho. Nós tivemos, como conseqüência, essa situação que hoje temos: um
projeto inacabado, um projeto que consegue ter apoio e tornar-se sucesso num
país estrangeiro, de Terceiro Mundo, de menor nível do que o nosso, como é o
caso da Indonésia, que se pode colocar como alternativa de trabalho para duas
ou três cidades dos Estados Unidos, no atual momento, e que continua sem
encontrar nenhum apoio por parte do Governo Federal do Brasil.
No início de sua gestão, o Prefeito Tarso Genro veio com a alternativa
de buscar a participação da Prefeitura nesse projeto. Chegou mesmo a emitir uma
Ordem de Serviço - número 2, que formava um grupo de trabalho para a análise
das questões relativas ao aeromóvel. Esse grupo de trabalho, formado logo em
janeiro de 1994, tinha como prazo, digamos assim, noventa dias para apresentar
as suas conclusões. É evidente que os noventa dias já se passaram e, apesar de
muitos dados terem sido solicitados por parte da Prefeitura de Porto Alegre à
Empresa Sûr-Coester, na prática muito pouco se avançou em relação ao aeromóvel.
Mais do que isso, a Prefeitura estuda, na verdade, alternativas de extensão de linha
que estão preocupando o inventor do sistema, Sr. Oscar Coester, e que, no seu
entendimento, em princípio, dificultam a possibilidade de encontrarem-se
parceiros para o projeto.
Ocorre que a alternativa que a Prefeitura busca é a extensão da linha
em direção à Azenha e, no entendimento do Sr. Oscar Coester, a alternativa
deveria manter-se em termos daquele anel que passaria além desta região aqui -
rodaria pela Mauá, ou pela Siqueira Campos, ou pela Sete de Setembro, que são
alternativas a serem estudadas -, mas passaria obrigatoriamente pela Borges de
Medeiros, de ponta a ponta. Com isto, eliminaríamos - e aí está a questão
técnica - a entrada de ônibus no miolo central de Porto Alegre. A variante de
fazer-se um anel mais largo, chegando-se à Rodoviária, por exemplo, não está,
de maneira nenhuma, descartada. De qualquer modo, o que é interessante é que a
criação de uma linha do aeromóvel em perímetro circular no Centro da Cidade
teria, como conseqüência de viabilização econômico-financeira, a interdição da
entrada de ônibus no Centro - portanto, a criação de transbordos automáticos
nas diferentes paradas que aí se criassem e, portanto, uma despoluição imediata
deste perímetro central, sem o que, no entendimento da Empresa, poderíamos até
chegar a construir a linha do aeromóvel, mas ela vai acabar tendo o mesmo
destino que verificamos no TRENSURB em face das empresas de ônibus
permissionárias que fazem o trajeto Esteio-Porto Alegre, já que o TRENSURB não
chegou ainda a São Leopoldo, Novo Hamburgo, o que também não muda a situação. A
força política, a pressão econômico-financeira dos permissionários sobre o DAER
e sobre a METROPLAN fez com que as Autarquias, até hoje, não jogassem pesado no
sistema do TRENSURB, diminuindo a importância do sistema de ônibus, e
enfrentamos esse tipo de problema que existe no sistema de ônibus da Grande
Porto Alegre. O aeromóvel, se construído em direção à Av. Azenha, corre o mesmo
risco: não retirar linha de ônibus, não ter estação de transbordo e, portanto,
não ter passageiro capaz de financiá-lo no seu dia-a-dia, ao contrário do que
acontece na Indonésia. Hoje, dizia o Sr. Oscar Coester, a manutenção do sistema
na Indonésia custa algo em torno de 15 mil dólares e fatura 60 mil dólares
mensalmente, ou seja, o sistema é capaz de gerar lucro para a empresa municipal
que o construiu, pagando, assim, os custos.
Gostaria, então, de registrar minha preocupação com relação ao
aeromóvel com as palavras do Sr. Oscar Coester: “o Prefeito pode ter muita boa
vontade, mas parece que a sua assessoria ainda não entendeu isso ou, pelo
menos, não respondeu a isso”. Em segundo lugar, estamos correndo um risco
concreto: a empresa Sûr-Coester cada vez menos consegue resistir aos assédios
internacionais. Nós corremos o risco de ler ou ouvir o que ele leu em Nova
Iorque: o sistema Sûr-Coester de Jacarta não era o sistema Sûr-Coester de Porto
Alegre, ou do Brasil, o que, convenhamos, é lastimável. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Pedro Ruas está com a palavra em Liderança.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, no último domingo, o jornal “Correio do Povo” colocou uma
entrevista do Deputado Federal e candidato a Vice-Governador Sr. Éden Pedroso,
que foi profundamente infeliz e que merece o repúdio de todos que conhecem o
tema enfocado nessa entrevista.
É do conhecimento de muitos que este Vereador tem amizade com S. Exa. o
Dep. Éden Pedroso. Considero-me admirador do Deputado, ex-companheiro de
partido e sempre amigo, mas não é possível que se aceite que um homem público
da envergadura de Éden Pedroso, que pretende ser Vice-Governador do Rio Grande
do Sul, vá à imprensa dizer que “parece que o PDT está com AIDS; ninguém quer
se aproximar dele”. O Dep. Éden Pedroso tem todo o direito de achar o que quiser
do PDT ou de qualquer partido. Tem todo o direito de fazer crítica ao PDT ou a
qualquer partido. O que ele não tem direito é de estimular, com esse tipo de
pronunciamento, o preconceito com relação aos doentes portadores do HIV. O que
ele não tem direito é de quebrar uma luta que é de toda a humanidade que
combate a doença e combate o preconceito com relação ao aidético e o direito de
dizer que determinado partido - por coincidência, o PDT - parece ter AIDS e que
ninguém quer aproximar-se dele. Ironizou o Deputado, mas que ironia infeliz!
Que péssimo exemplo escolheu S. Exa. para dizer que determinado partido não tem
a sua simpatia!
As críticas políticas são absolutamente corretas e necessárias num
embate democrático, mas jamais utilizando a desgraça alheia, uma doença que
ataca o século XX, para taxar o partido de aidético e de que ninguém pode
aproximar-se dele. O que pensa o Deputado sobre o GAPA, sobre o Movimento de
Justiça e Direitos Humanos, sobre todas as entidades que neste Estado combatem
o preconceito sobre o aidético?
No início de 1993, sem dizer o nome da cidade, morreu em Porto Alegre,
no Hospital de Clínicas, um rapaz vítima da AIDS. Sua cidade não era Porto
Alegre e ele foi levado para ser enterrado na cidade de sua família. O caixão
não pôde entrar na cidade, pois a cidade não queria a terra do cemitério
contaminada. Um absurdo acontecido no ano passado. Então, esse tipo de
pronunciamento de quem quer ser Vice-Governador do Estado, que estimula essa
prática, mostra o seu preconceito e coloca todos nós, militantes
antipreconceito, numa situação ridícula e vexatória de manter a admiração por
S. Exa. o Dep. Éden Pedroso, realmente um Deputado de valor, realmente um
grande militante partidário e político. Agora: profundamente infeliz na escolha
de exemplos para criticar qualquer partido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT. Com a
palavra, o Ver. Henrique Fontana.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, venho à tribuna em nome do Partido dos Trabalhadores e, obviamente,
acredito na veracidade da notícia que o Ver. Pedro Ruas colocou e que não havia
lido.
Eu tenho que começar o meu pronunciamento dizendo o seguinte: o Dep.
Éden Pedroso errou profundamente. O Dep. Éden Pedroso não poderia ter dito
aquilo que disse. Então, estamos de pleno acordo com a crítica que o Ver. Pedro
Ruas coloca em nome da Bancada do PDT e que poderia ser estendida a toda a
Câmara de Vereadores, porque, efetivamente, o exemplo que o Dep. Éden Pedroso,
nosso candidato a Vice-Governador, utilizou para definir uma crítica política
ao momento atual que vive o PDT foi extremamente inadequado e deve ser
repudiado por todos nós. Agora: é preciso também que não se faça uma leitura
política de que os homens públicos não podem errar em nenhum dos seus
pronunciamentos e que se transforme o erro do Dep. Éden Pedroso - que eu, como
militante do Partido dos Trabalhadores, espero, seja revisado por S. Exa. - em
alguma coisa que transcenda o espaço desse erro. E não digo isso no sentido de
que o Ver. Pedro Ruas, eventualmente, sustentasse essa posição; ao contrário,
não percebi, em nenhum momento, isso. Agora: sobre a crítica política que o
atual Deputado e candidato a Vice-Governador, na chapa do PT, fez ao PDT, deve
ser mantida, não ao PDT, mas, sim, ao Governador Collares e Neuza, que foi um
governo que, definitivamente, rechaçou uma parte do PDT da atuação no Governo.
E nós temos, sim, um problema hoje no Estado do Rio Grande do Sul, e eu tenho
discutido isso.
Conversava outro dia com o Ver. Milton Zuanazzi, conversava também com
o Ver. Wilton Araújo, conversava com o próprio Ver. Pedro Ruas, porque nós
sabemos que uma boa parte dos componentes do Partido Democrático Trabalhista
tem uma visão diferenciada daquela visão que foi implementada no Governo do
Estado. Agora: o que tem dificultado uma discussão política e uma negociação
com setores desse partido é exatamente descobrir quem são os interlocutores
hoje do PDT no Rio Grande do Sul. E é isso que não fica claro na disputa política
e na discussão política que nós enfrentamos, e essa é uma questão fundamental
que o PDT precisa resolver com urgência. Ou seja: quem fala pelo PDT? Quem
representa o PDT? Aqueles que construíram o Governo Collares e Neuza com todos
os seus desmandos, ou aqueles que dignamente combatem a política autoritária
que foi adotada pelo Governador do Estado e por sua Secretária de Educação na
direção do Estado do Rio Grande do Sul?
Agora, insisto, com toda a clareza, em meu nome pessoal e em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores: o Deputado Federal e candidato
Vice-Governador na chapa do companheiro Olívio Dutra deve retirar a crítica que
fez, porque ela não contribui em nada para que nós passemos pelos preconceitos
que temos enfrentado, ao longo dos últimos anos, com a questão da AIDS. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
PROC. 1382/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 18/93, de autoria do Vereador Nereu D’Ávila, que dá nova redação aos artigos
3º, 4º e 6º da Lei Complementar nº 282, de 16 de outubro de 1992. (com Emendas
de nºs 01, 02, 03 e 04)
PARECERES:
- da CCJ. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CFO. Relator, Ver. João Dib: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Luiz Negrinho:
pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
Obs.:
- para
aprovação, voto favorável da maioria absoluta, art. 82, §1º, I, da LOM;
- adiada a discussão
por cinco Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.)
Encerrada a discussão. Em votação. (Após a chamada.) APROVADO o PLCL nº 18/93 por 22 votos SIM e 01 voto NÃO, com
ressalva das Emendas.
Em votação a Emenda de nº 01. Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 02. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 03. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 04. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila, solicitando que seja dispensada a
votação da Redação Final, de acordo com o art. 103 do Regimento, do PLCL nº
18/93. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0266/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
06/94, que
declara de Utilidade Pública a Casa do Rádio Amador Gaúcho.
PARECERES:
- da CCJ. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela
aprovação;
- da CEC. Relatora, Vera. Maria do Rosário:
pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.)
Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. João Verle, solicitando que o PLE nº 06/94 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimentos encaminhados à Mesa.
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos constantes na Ata.)
Comunico ao Plenário que a homenagem ao Dia Internacional do Trabalho
foi antecipado para o próximo dia 27, no período do Grande Expediente.
Encerrada a Ordem do Dia, passamos ao período de
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero retornar ao tema que desenvolvia antes sobre a questão do
aeromóvel, já que, efetivamente, essa é uma questão que tenho procurado
acompanhar, e o venho fazendo, desde o nascimento da empresa do Sr. Oscar
Coester, isso no tempo em que o Sr. Coester recém tinha abandonado a VARIG,
onde trabalhava, e havia fundado uma empresa de interfones. Desde aquele tempo
- ainda era menino - tive a oportunidade de verificar o crescimento e,
sobretudo, o investimento que o Sr. Coester sempre fez na tentativa de uma
tecnologia eminentemente nacional e, no nosso caso, gaúcha.
A situação que vive hoje o aeromóvel é de que não há dúvidas de que
existem alguns preconceitos em nível federal, preconceitos que são acionados
por interesses de empresas multinacionais que estão, obviamente, preocupadas
com a tecnologia que a Oscar Coester desenvolveu, tecnologia essa extremamente
barata, extremamente simples, inclusive na montagem da alternativa do suporte
sobre o qual o veículo roda e que, relativamente a outros sistemas, demanda um
investimento mínimo, que é calculado de três a quatro vezes menos do que
qualquer outro tipo de sistema alternativo. Por outro lado, verificamos
que aqui em Porto Alegre também - quer
porque tenha sido a METROPLAN, num primeiro momento, que participou desse
planejamento, porque isso envolvia financiamentos da EBTU (Empresa Brasileira
de Transportes Urbanos), quer porque o Eng. Oscar Coester, como reconhece, não
é exatamente um diplomata, uma pessoa capaz de manter tratamento político com
essas questões -, na Secretaria de Planejamento e na Secretaria de Obras do
Município de Porto Alegre, surgiu todo um núcleo de técnicos com uma
resistência absoluta ao projeto. Num certo momento, a desculpa era de que o
projeto, que deveria rodar sobre a Sete de Setembro, iria avançar sobre prédios
do patrimônio histórico e desvalorizar e afetar a paisagem urbana dessa área;
em outro momento, era porque a Sete de Setembro não seria o melhor leito e,
sim, o deslocamento para a Mauá. E já houve momentos em que a Empresa Coester
resistia à idéia da Mauá. Nem apresenta mais essa resistência; até admitiria a
rodagem pela Av. Mauá. A experiência com os ônibus tem demonstrado que isso é
razoavelmente satisfatório, mas a verdade é que, apesar de toda a boa vontade
do Prefeito Tarso Genro, as coisas não estão andando. Elas estão empacadas. Não
se tem preocupação em resolver a coisa. Os projetos não estão sendo divulgados
e discutidos com a comunidade. A coisa fica fechada num círculo de técnicos,
entre aspas. Realmente, não temos condições de ter a participação daquele que é
o segmento mais interessado, que é a própria comunidade.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ilustre Ver. Antonio Hohlfeldt, V. Exa. toca num
assunto que me intriga duplamente. Primeiro, porque temos um monumento erguido
ao nada nas barbas da Câmara Municipal. Onde é que vai aquilo? Eu tive, como
Deputado que era à época, a honra de viajar, experimentar e receber algumas
instruções desse engenheiro. Conheço o engenheiro que trabalha com ele, que
executa, e cito um exemplo: foi na Indonésia a obra. A pá de cal foi colocada,
desde o governo ao qual pertenci, pelo ilustre Ministro dos Transportes,
Cloraldino Severo. Foi uma água fria na fervura, eu senti. Agora, sem
pretensões: eu não sou engenheiro, mas acho que, pelo menos, nós devíamos
pretender, ilustre Vereador, chegarmos ao Centro da Cidade, ao Centro
Administrativo e adjacências, para a saída do monumento ao nada. Depois -
concordo com V. Exa. - fazer uma inflexão para a Azenha, numa região por demais
controvertida. Acho que é muito atrevimento, mas acho que se deve aproveitar e
vir em direção a nós ou, quem sabe, ir até a região da Rodoviária.
Era esta a contribuição que eu queria dar a V. Exa. e dizer que tenho
duas perplexidades: o monumento ao nada nas barbas da Câmara e a pá de cal, que
constantemente estão colocando neste empreendimento que já foi dado como
vitorioso na Indonésia.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ver. Pedro Américo Leal, o
monumento ao nada se tornou exatamente a partir do momento em que o Ministro
Cloraldino Severo, convidado pela Assembléia Legislativa do Estado de Rio
Grande do Sul, esteve aqui atacando o projeto com toda uma série de elementos
que, na narrativa que tenho do Dr. Oscar Coester, já haviam sido respondidos ao
Ministro. Ou seja: não se pode qualificar de nada mais do que má fé a colocação
deste naquela ocasião.
Posteriormente, na Administração Sarney, o Ministro Archer, da Ciência
e Tecnologia, buscou um novo financiamento e até concedeu; de novo, o boicote
da EBTU, tanto que o Ministro Archer acabou fazendo o financiamento direto pelo
FINEPE, diretamente ao projeto, e aí entramos no Plano Cruzado. Como não havia
previsão no contrato de correção dos valores, até o dinheiro chegar aqui deu
para fazer aquela pequena continuação em relação ao primeiro bloco já
construído, mas não deu para fazer toda a parte projetada que conduziria mais
duas ou três quadras do projeto e, portanto, levaria a alguma coisa. Hoje, nós
temos este absurdo: o veículo corre de um lado para o outro o dia todo.
Enquanto estive, hoje, em torno de duas horas no gabinete do Dr. Oscar Coester,
o veículo cruzou mais ou menos vinte vezes de um lado para o outro. É um
veículo fantasma e caro, porque utiliza eletricidade que está sendo paga pela
Empresa. A própria Prefeitura, na tentativa de divulgar o projeto, tem
financiado parcialmente a utilização do mesmo com uma passagem idealizada no
seu custo a 50 cruzeiros reais, ou em torno disso, no atual momento, nos
domingos ou feriados, mas, na verdade, a coisa não avança de fato.
Essa é uma preocupação, porque, nesse momento, no dia 15 de maio, virá
a Porto Alegre uma missão árabe, e, quando falamos desse povo, falamos em
dinheiro grosso. Essa missão vem a fim de comprar esse projeto, significando
retirá-lo de Porto Alegre. Significa manter a patente registrada em nome do Sr.
Oscar Coester, mas retirá-la da Empresa Sûr Coester, do Brasil, de Porto
Alegre, já que eles não sentem o apoio do Rio Grande do Sul e do Brasil. O Sr.
Oscar Coester foi avisado - inclusive, ficando perplexo -, mas confirmou, que
existe um relatório oficial do mesmo ministro, lá no BIRD, contrário ao
projeto, dificultando as coisas. Então, ele está chegando realmente a uma
situação sem saída.
Há um novo problema técnico, que pode ser a pá de cal definitivamente,
e é por isso que hoje estou tomando a liberdade de falar sobre esse assunto.
Estou encaminhando um Pedido de Informações, que redigi no gabinete, na tarde
de hoje, sobre uma questão que até hoje não foi resolvida pela Prefeitura de
Porto Alegre, mas que agora vai ter que resolver. Qual é a situação, o “status”
formal e legal ocupado pelas bases sobre as quais está o suporte em roda do
aeromóvel? Aquilo é uma concessão, uma permissão, uma licença? Como é que fica?
Os direitos autorais, a tecnologia está tudo ok. Mas digamos que os árabes
queiram investir 200 ou 300 milhões de dólares para completar o projeto num
certo trecho e fazer um teste, como se fez na Indonésia, que é um trecho de
4km, e que seja aprovado, como fica depois? Hoje o aeromóvel já tem doze anos
de presença em Porto Alegre. Como fica o problema do direito desse espaço?
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Esses árabes que vêm para comprar o projeto eles
pretendem instalá-lo aqui em Porto Alegre?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Uma hipótese é o
investimento aqui, um investimento em Porto Alegre para complementar a linha
que conduza de alguma coisa para outra coisa. Fazer o teste. Isso significa
alguns anos de investimentos, de trabalho, de teste, uma definição formal. A
segunda alternativa é a Cidade de Atlanta, nos EUA. Evidentemente, estão
inclinados por Atlanta, porque a Prefeitura deu tudo o que poderia dar. Para
eles dinheiro não é problema. É uma preocupação concreta. Significa que, se não
aceito aqui, o projeto será comprado e levado embora. Vão pegar isso que está
aqui e desmontar, até porque em doze anos um veículo desses ao léu, com todas
as intempéries possíveis, por mais moderno que ele seja no seu desenho, nas
suas condições, ele terá que passar por uma listagem de pequenas modificações
que a própria tecnologia permitiu colocar como melhorias no veículo.
Ele está sobre terreno público. Não existe um documento de concessão.
Como é que se formaliza isso? Isso terá que ser formalizado. Nenhum Prefeito
fez essa formalização. Hoje, teoricamente, se um Prefeito qualquer ou uma ação
popular resolver indagar, questionar com que direitos o Sr. Oscar Coester, a
EBTU colocaram essas coisas todas sobre as ruas e as praças de Porto Alegre, a
Justiça terá que dar ganho de causa a quem questionar.
Essas são as questões, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Infelizmente,
em um Plenário quase vazio, eu coloco, louvando a atenção do Ver. Pedro Américo
Leal, do Ver. Eloi Guimarães, Ver. Nereu, Ver. Lauro, porque acho que realmente
é preocupante, pois não vamos perder a chance de uma tecnologia nossa. Estou
fazendo justamente um Pedido de Informações, Ver. Pedro Américo, indagando do
“status” legal, se existem definições da Procuradoria-Geral do Município,
enfim, como as coisas estão sendo encaminhadas, porque esse grupo de trabalho
que o Sr. Prefeito criou e que até agora não chegou a nada, noventa dias
depois, no mínimo terá de resolver esse problema, senão será muita
incompetência reunida num único grupo de trabalho. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clóvis Ilgenfritz
cede seu tempo ao Ver. José Gomes, que está com a palavra.
O SR. JOSÉ GOMES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, agradeço ao Ver. Clóvis Ilgenfritz, que me cedeu o tempo.
Uso esta tribuna para trazer um fato interessante a que eu gostaria que
os Vereadores prestassem atenção, pois é muito relevante. Pois bem, Sr.
Presidente: os idos de 70 já se passaram. Hoje abrimos os jornais, e, na semana
passada, abrindo a revista “Veja”, notamos uma reportagem que falava de um
“grampo” que havia sido colocado no telefone do ex-Governador do Paraná, Álvaro
Dias. Pensava eu que esse fato já havia sido adormecido na história do Brasil.
Ficamos pasmos ao ver que essa prática ainda existe - a chamada espionagem
política. No ano passado, a Assembléia Legislativa do Estado formou um CPI para
investigar a espionagem política e, por receio ou até por comprometimento
político-partidário com o Governador do Estado, os parlamentares da Assembléia
Legislativa não aprovaram o relatório. Estava implícito no relatório o
envolvimento dos órgãos de espionagem com o segmento social e político do nosso
Estado. Para minha surpresa, hoje, ao chegar no gabinete, a minha assessoria
abre a sala e encontra um documento - não é apócrifo - que narra uma espionagem
política.
Pois bem: eu vou ler o conteúdo desse telex, que é de um órgão de
informação da Brigada Militar. Diz: “Reservado; Rio Grande do Sul; Brigada
Militar; 5º GCI B-2; informação nº 02, B-2, de 94; assunto: o ex-Cabo José
Gomes; origem: B-2, 5º GCI; avaliação: A-1.” O Ver. Pedro Américo Leal está
fazendo um murmúrio, mas ele sabe o que eu estou dizendo. E vejam só: “difusão:
PM-2, Comandante da 2ª DPM. Comandante do CPA-5; conteúdo: por intermédio
deste, informo-lhe que o ex-Cabo PM José Gomes, Vereador em Porto Alegre,
encontrava-se na cidade de Sobradinho, no Rio Grande do Sul, sábado passado,
dia 5 de fevereiro de 94, onde foi padrinho de casamento de um PM, naquela
localidade, no casamento religioso.”
Ora, vejam só! Espionagem política! Quantos Vereadores desta Casa não
têm sofrido esse mesmo tipo de espionagem política? O seu partido, Ver. Nereu
D’Ávila, sempre esteve na mira dos chamados órgãos de informação. Em especial a
própria PM-2, que recebe dinheiro do Estado para dar segurança pública e que
deveria dar segurança pública para a sociedade, faz esse tipo de espionagem
política. Um Vereador de Porto Alegre, lá em Sobradinho, uma cidadezinha lá do
interior do Estado! Ver. Pedro Américo Leal, de repente, esse Coronel que
assinou esse telex foi seu pupilo - Cel. Joaquim Corrêa Santos Rocha, Tenente
Coronel do QOPM, Comandante do 5º GCI. Vejam só! Um tenente-coronel que ganha
mais de 4 milhões de cruzeiros por mês para fazer esse tipo de espionagem! E o
que me deixa mais impressionado, Srs. Vereadores, é o enfoque dado por “Zero
Hora” com relação ao grampo do telefone do ex-Governador do Paraná, Álvaro
Dias, e saber que a própria PM-2 que faz esse tipo de trabalho e tem, no seu
arquivo, vários informes de vários políticos deste Estado. E por isso eu citei
o seu partido, Ver. Nereu D’Ávila, porque, quando o ex-Governador do Rio de
Janeiro, Leonel Brizola, estava no Uruguai, recebiam-se mensalmente informes de
suas atividades, e estão lá nos arquivos do CSI.
Ora, vejam! A mesma prática assumida pela doutrina de segurança
nacional hoje continua num país que se diz democrático. É de se perguntar - e
cabe a todo Vereador perguntar - por que é que se mantém uma prática como essa
em vez de esses homens que são pagos para exercerem segurança pública estarem
fazendo espionagem política. De repente, Ver. Isaac Ainhorn, são os homens que
estão faltando para dar segurança no T1, no T2, lá no Bairro Partenon.
Vejam V. Exas. o que diz o art. 125 do parágrafo único da Constituição
Estadual: “O Estado poderá operar
serviços de informação que se refiram exclusivamente ao que a lei define como
delinqüência.” Vejam só o que se define como crime, delinqüência: um casamento,
um ato festivo e religioso. Eu estava lá, no casamento. O que é impressionante
é que o Ver. Américo Leal não acordou. Ele está adormecido no processo
ditatorial que existia neste País. Ele não consegue acordar para a realidade de
hoje. (Aparte anti-regimental.) Eu não quero polemizar com V. Exa., Ver.
Américo Leal. V. Exa. sabe o meu conceito com relação a sua postura. O que nós
temos é que ficar bem atentos para a democracia existente neste País, a qual
temos que resguardar. E temos que exigir que esses homens que fazem esse tipo
de informação, essa espionagem, voltem para o serviço de segurança pública.
Está aí a falta de policiamento no Bairro Menino Deus, no Bairro Bom Fim, no
Partenon, porque eles estão desviados das suas funções, fazendo espionagem
política. Ora, vejam só! Ver. Américo Leal, fale com os seus pupilos! De
repente, esse homem foi mal preparado. V. Exa. deu a ele noção de segurança
pública e ele se desviou e foi fazer espionagem política, Vereador! V. Exa. tem
que rever o seu currículo pedagógico para que eles possam, de fato, se voltar
para a segurança pública. Dê um puxão de orelhas nos seus comandados, porque
isso que aconteceu comigo deve estar acontecendo a cada Vereador desta Casa. E
eu espero que continuem levando na mera brincadeira, porque, depois que
estiverem sendo espionados, não vai ter mais ninguém aqui para falar em defesa
de V. Exas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está
com a palavra em tempo cedido pelo Ver. Eloi Guimarães.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, depois dessa denúncia, não diria vazia, mas estadual, sobre o Ver.
José Gomes, vou voltar aos assuntos da Cidade de Porto Alegre, do Município.
Tomei conhecimento de um fato inusitado. Ver. João Dib, V. Exa. tem
estado denunciando nesta Casa o uso indevido das gráficas do DMAE para fazer
propaganda de tudo que é espécie, reclames. A Administração Municipal coloca na
mídia um bom dinheiro. Todo esse volume de papel que é gasto, que diariamente
V. Exas. recebem, sempre tem uma papeleta e junto vem um cartaz, sempre em
papel “couché” da melhor qualidade. Agora: em contrapartida, V. Exas. não sabem
o que é que acontece numa escola municipal, e espero que não seja em todas as
escolas municipais, Ver. João Verle.
Recebi uma denúncia muito grave: as escolas não fornecem boletim de
aproveitamento escolar, Ver. Nereu D’Ávila. Não sei se V. Exa. já tinha
conhecimento deste fato. Não sei se a Presidente da Comissão de Educação desta
Casa tem conhecimento de que a administração petista, sob o argumento de que
não se pode gastar papel, não fornece boletim aos alunos das escolas da rede
municipal de ensino. Agora há pouco, recebo aqui uma dirigente do CPM da Escola
Municipal de 1º Grau Afonso Guerreiro Lima, na Rua Guaíba nº 203, Vila Nova,
São Carlo, Lomba do Pinheiro, tentando conseguir “xerox” para fazer boletins
para os alunos dessa escola que tem oitocentos estudantes. Oitocentos
estudantes não têm boletim porque a escola não fornece! Em contrapartida, o CPM
tem que estar indo atrás de “xerox” nos gabinetes dos Vereadores. Produzir
boletins com “xerox”! Nós vamos resolver, tenho certeza, até porque é muito
importante do ponto de vista pedagógico - se é que me lembro do meu tempo de
estudante, Ver. Fontana - o boletim para a criança conhecer o seu nível de
aproveitamento escolar e para que os pais tenham também conhecimento dele. Eu
não acredito. Isso deve ser até um mal-entendido, porque, gastando o que gasta
na produção de material de todas as espécies... Aliás, de excelente qualidade
do ponto de vista do material usado e da qualidade gráfica! Ver. José Gomes, o
material de qualquer área da Administração Municipal é da melhor qualidade.
Enquanto isso, as crianças da Escola Municipal Afonso Guerreiro Lima não têm
boletim de aproveitamento escolar. Gostaria, sinceramente, que alguém da
administração escolar esclarecesse esse fato, pois ele é muito grave.
O Sr. Henrique Fontana: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Agradeço o aparte que V. Exa. está me concedendo e
digo que seguramente há um mal-entendido. Deve haver um equívoco, e nós, da
Liderança do PT, assumimos que será corrigido, se realmente esse mal-entendido
existir.
O SR. ISAAC AINHORN: Não fica bem à
Administração de V. Exa. não fornecer boletim de aproveitamento para as
crianças e produzir carradas, toneladas de papel gráfico de propaganda petista
da Administração Municipal. É grave, Vereador. É muito grave isso.
O Sr. Henrique Fontana: Gostaria de continuar o meu
aparte. Estou impressionado com a sua agressividade, Vereador...
O SR. ISAAC AINHORN: Não, Vereador, não é
agressividade. É o meu estilo. É minha natureza falar dessa maneira. Sr.
Presidente, já cortei o aparte do Ver. Fontana. O Ver. Henrique Fontana está se
manifestando de forma anti-regimental.
Sr. Presidente, eu retomo o assunto. Eu até faria uma consulta aos Srs.
Vereadores, pois talvez eu esteja equivocado, mas eu só perguntaria aos
Vereadores que estão aqui se não fornecer boletim de aproveitamento escolar nas
escolas é um assunto que tem importância pedagógica, se deve ser encarado pela
Câmara de Vereadores ou não, se é um assunto que nós devemos trabalhar em cima
dele ou é um assunto irrelevante e vamos deixar as crianças da rede municipal
de ensino sem avaliação. Eu nem sei se é da rede municipal de ensino. A
denúncia que recebi agora é da Escola Municipal de 1º Grau Afonso Guerreiro
Lima, que não dá boletim e manda o CPM viabilizar e resolver o problema do
boletim. Será que não é grave esse assunto, Ver. Nereu D’Ávila? Isso não é
grave, Ver. Pedro Américo Leal?
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Isso é o construtivismo. É gravíssimo. É um jogo sem
súmula. Não há uma síntese. Não há um apanhado geral do que aconteceu com a
criança. Não tem horizonte.
O SR. ISAAC AINHORN: Não sei por que V. Exa. ri
e blasfema, Ver. Guilherme Barbosa. O apoio do Ver. Pedro Américo Leal a mim
muito me honra. Se não honra V. Exa., eu tenho enorme respeito pela figura,
pela postura séria que esse Vereador tem aqui, independente de suas convicções
político-pessoais. Se V. Exa. veio aqui ironizar o apoio do Ver. Pedro Américo
Leal, eu vou rejeitar, porque V. Exa. não está sendo sério. Eu sempre lhe tive
como homem sério, não como um fanfarrão. Espero que não proceda como um
fanfarrão. V. Exa. é um homem sério, e respeite seu colega, tanto a mim como ao
apoio do Ver. Pedro Américo Leal, que julgou seriíssima a denúncia que eu
trouxe aqui da ausência de boletim de aproveitamento escolar na Escola
Municipal de 1º Grau Afonso Guerreiro Lima. Ele considerou grave, e eu tenho
certeza que os demais pares, até do PT. Só V. Exa. resolveu levar na gozação.
Quando a gente não tem argumento, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quando a
gente se perde na falta de argumento, a gente parte para a gozação, parte para
esse estilo fanfarrão, que normalmente não é do perfil do Ver. Guilherme
Barbosa, com sua postura séria e bonita aqui no Plenário.
Srs. Vereadores, espero do Ver. Henrique Fontana, que me aparteou, que
faça... (Protestos do Ver. Henrique Fontana.) É só V. Exa. consultar as notas
taquigráficas desta Casa. Eu ainda invoco o depoimento dos colegas Vereadores e
da platéia. V. Exa. deu o aparte e disse que ficou surpreso com esse fato. Eu
gostaria de receber uma explicação da Liderança da bancada petista da Câmara de
Vereadores sobre essa questão que, a meu juízo e a juízo de muitos companheiros
desta Casa, é séria - o fato de o PT gastar milhões de cruzeiros reais com
propaganda de tudo que é espécie, em todas as áreas do Governo, e, no entanto,
abrir mão da sua responsabilidade de expedir boletins de aproveitamento escolar
na Escola Municipal de 1º Grau Afonso Guerreiro Lima. Espero que seja só nessa
escola, Ver. João Verle. É bom que o “Embaixador” Adaucto anote para consultar
o Prefeito, que, tenho certeza, vai ligar para a Secratária Municipal de
Educação, Profa. Sônia Pilla, e perguntar por que não há boletins se todos os
dias chegam aos programas de televisão carradas de papeizinhos e cartazes de
tudo que é espécie das atividades da Secretaria de Educação e de outras
Secretarias. Ah, a gráfica do DMAE, que se presta para tanta coisa, Ver. João
Dib! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Jocelin Azambuja. Ausente. O Ver. Wilton Araújo cede seu tempo ao Ver. Eloi
Guimarães.
Registramos a presença do nosso amigo Capitão Almeida, que veio para
participar de uma reunião da Comissão de Justiça.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente,
aproveitaríamos o ensejo da presença do Capitão, que veio participar de uma
reunião da Comissão de Justiça sobre segurança, para convidar todos os
Vereadores desta Casa que tiverem interesse no assunto do restabelecimento da
Linha T2, no Alto Partenon, para se fazerem presentes também.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Eloi Guimarães está
com a palavra.
O SR. ELOI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Capitão
Almeida, que honra a Casa representando a Brigada Militar, Srs. Vereadores,
evidentemente nós vamos entrar num período político-partidário da maior
intensidade, a despeito das declarações do candidato a Vice-Governador pelo PT,
Dep. Éden Pedroso.
Ocorre-me dizer que nem sempre é fácil ajeitar o pensamento, a nitidez
da idéia. Rui Barbosa dizia que a inteireza do espírito começa com o escrúpulo
da linguagem. A medir a dimensão do ilustre candidato do PT a Vice-Governador,
S. Exa. “vai mal na foto, muito mal na foto”. A observá-lo na filosofia
traduzida por Rui, no alto da sua inteligência incontestada, “fica muito mal na
foto” o Vice-Governador do candidato Olívio Dutra. É bom que se diga e se
reafirme que nós, a partir das últimas eleições, temos dois turnos - as
eleições majoritárias de Governador, de Presidente da República e, de resto, de
Prefeito. São dois turnos. Dificilmente um partido político alcançará no
primeiro turno a vitória. Isso deveria ser, de parte dos partidos políticos,
uma preocupação com os seus candidatos, mormente daquele, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, como é o caso do nome aqui citado, que, a proceder a sua
declaração, nós poderemos dizer que foi gerado no ventre do PDT. Nenhuma alusão
aqui, nenhuma alusão à transmissibilidade. Evidentemente, não. Mas aquele que
nos ataca da forma como atacou foi gerado no ventre no nosso partido, no ventre
do trabalhismo, e evidentemente reproduzo, reitero, que nenhuma alusão à
transmissibilidade. Não vale a pena ficarmos aqui a exigir que com o escrúpulo
da linguagem reflita a inteireza da nossa dignidade. Não vale a pena. Agora: é
bom que tenhamos os cuidados necessários para que a campanha política que se
inicia, as emoções que possam nos tocar devam ser conduzidas pela oportunidade
que nos dão, dentro daqueles parâmetros de civilidade democrática, para que
esses momentos históricos da vida nacional se prestem a momentos de grande
serviço à liberdade, enfim, ao próprio desenvolvimento cultural de nosso País.
O palanque não pode se transformar num espaço de xingamento de terceira
categoria. O palanque tem que se transformar num instrumento de transmissão de
idéias, porque este País precisa de idéias, este País precisa da nossa
contribuição para que se consiga tirá-lo do marasmo a que está submetido de
longa data.
Então, é preciso que nós, nessas oportunidades ricas, com o custo dos
impostos que nos oferecem, não desperdicemos a oportunidade. Ela é bela; é um
momento de grande evangelização democrática, e nós temos de aproveitar e
aperfeiçoar o desenvolvimento, até mesmo intelectual, de nossa gente, do nosso
povo. Então, ficam essas observações feitas ao sabor do momento para dizer que
a democracia haverá de se fazer neste País na medida em que os debates que se
travarão deverão ter a respeitabilidade mútua, com discussão de idéias, e não
se insira, até mesmo no subconsciente daqueles que assim se referem, a própria
discriminação. Muitas vezes o subconsciente nos arrasta a fazer aquilo que
representa a inteireza de nosso espírito e, muitas vezes, somos traídos,
revelamos aquilo que é a nossa filosofia e a nossa maneira de ser e ver as
coisas.
Esse debate político e essa cruzada democrática que vamos, daqui para
frente, enfrentar devem alicerçar-se. Deve haver determinados momentos para que
saiamos das querelas que não haverão de contribuir para o desenvolvimento como
Estado. O Rio Grande do Sul tem uma longa história, e até se diz que um dos
apanágios do gaúcho é a tribuna, é a retórica, que no passado se dizia que só
um apanágio que detém o gaúcho é exatamente a palavra, a eloquência.
Então, fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa
manifestação para que, ao iniciarmos esta longa caminhada de luta e discussão,
tenhamos aquela lição presente, que nos ensinou o velho baiano Rui Barbosa: “A
inteireza do espírito começa pelo escrúpulo da palavra.” Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h04min.)
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